A necessidade de cuidar dos recursos ambientais para preservar as gerações é uma realidade em todo o planeta. Foi pensando nisso que o produtor rural Douglas Pessin Krauze resolveu reflorestar os valões da propriedade onde mora com a família, por meio da introdução de plantas nativas. Como resultado, seis nascentes ganharam vida novamente na localidade situada em Vila Valério.
O produtor rural foi um dos vencedores do 3º Prêmio Biguá de Sustentabilidade 2023, iniciativa da Rede Gazeta Noroeste que divulga, valoriza e incentiva boas práticas ambientais de empresas, instituições e sociedade civil.
Com o tema “Problemas antigos pedem novas soluções”, o evento aconteceu na noite de quarta-feira (18), no Cerimonial Simonassi, no bairro Maria das Graças, em Colatina. Por meio da análise de uma comissão técnica julgadora, a premiação foi distribuída entre cinco categorias: Empresa, Escola, Poder Público, Produtor Rural e Sociedade Civil.
O Prêmio Biguá de Sustentabilidade foi criado há 12 anos na Região Sul do Espírito Santo, devido à percepção da degradação acelerada na Bacia do Rio Itapemirim. Em 2021, a premiação foi expandida para as regiões Norte e Noroeste do Estado.
Maria Helena Vargas, diretora da Rede Gazeta Norte, destacou que, ao longo desses anos, estes têm sido os objetivos do Biguá: divulgar iniciativas e incentivar outras pessoas a adotar e replicar as mesmas práticas.
"Todos que estão na premiação estão contribuindo para uma sociedade melhor e um ambiente mais saudável. E, mais do que nunca, precisamos incentivar e valorizar quem está fazendo essas boas práticas", acrescenta a diretora.
Na categoria Sociedade Civil, o primeiro colocado foi o “Projeto Social Sabão Ecológico”, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Marilândia. Criado em 2021, durante a pandemia de Covid-19, a iniciativa foi pensada em atender a necessidade das famílias em obter produtos sanitários para limpar e higienizar a casa, além de sabão para lavar as mãos.
Pensando nisso, e também na cultura local, onde muitas famílias produzem sabão caseiro, funcionários da Apae de Marilândia criaram a proposta de fazer um sabão ecológico, com óleo de cozinha utilizado.
Como resultado, as famílias dos alunos e usuários da Apae não apenas aprenderam a fazer o sabão em barra e líquido, como também replicaram a receita a ponto de comercializarem o produto e conseguirem uma renda extra. Segundo Raquel Quintela Alves, coordenadora de assistência social da Apae de Marilândia, um litro de óleo utilizado é capaz de produzir até 70 barras de sabão ecológico, de 250 gramas cada.
"Vimos que, em Marilândia, a cultura de fazer sabão em casa é forte, mas notamos que não havia nenhum ponto de coleta de óleo de cozinha na cidade. Então tivemos a ideia de montar na Apae um ‘Eco Ponto’ para recolher esse óleo e fazer sabão com ele", explica Raquel.
Outro exemplo de boas práticas ambientais é o do produtor rural Douglas Pessin Krauze. Com o projeto “Agricultura regenerativa”, ele e a família reflorestaram a propriedade onde residem em Vila Valério e, desde 2015, seis nascentes ganharam vida novamente.
Com o reflorestamento, a família observou que, quando a chuva vinha, ela não levava os nutrientes do solo para o córrego que passa pela propriedade e que deságua no Rio Doce, em Regência, Linhares. Na noite de quarta-feira (18), o projeto ficou em primeiro lugar na categoria Produtor Rural, do Prêmio Biguá.
"Quando chegamos na propriedade, em 2015, percebemos que ela tinha muita capacidade de ser criadora de água. Então começamos a reflorestar os valões, introduzindo plantas nativas e também aquelas que gostávamos. De lá para cá, umas seis nascentes abriram novamente", relata o produtor rural.
Na categoria Escola de Ensino Fundamental e Médio, o primeiro lugar ficou com o projeto “Mato no Prato: Conheçam as PANCS (Plantas Alimentícias Não Convencionais)”, desenvolvido pelos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Bertolo Malacarne, de São Gabriel da Palha. A ideia nasceu por meio de uma conversa informal entre o professor Wesley Alves Silva com os estudantes em sala de aula a respeito do cultivo de plantas no quintal de casa.
As “PANCS”, segundo o professor, são todas aquelas plantas que crescem em hortas, matos e terrenos baldios e que as pessoas acreditam que são descartáveis, mas que, na verdade, possuem alto valor nutricional, como a taioba e a ora-pró-nobis.
A partir do debate, a escola passou a desenvolver ações ambientais e até mesmo um projeto de lei no município, para que as “PANCS” fossem inseridas na alimentação dos alunos. Atualmente, muitos estudantes trazem as plantas de casa e entregam na cantina da escola, onde são preparadas as refeições.
Apesar de a mineração ser associada à degradação da natureza, a Marbrasa Norte Mineradora Ltda., empresa de rochas ornamentais localizada no distrito de Baunilha, em Colatina, tem provado que é possível trabalhar no ramo e compensar o meio ambiente. Por meio do projeto “Reserva Ambiental Camilo Cola”, para cada hectare explorado, a empresa recupera o que foi extraído do local. Com a ideia, a Marbrasa foi a primeira colocada na categoria Empresa.
Outra importante iniciativa de recuperação ambiental é a do Consórcio Público Rio Guandu, das cidades de Baixo Guandu, Brejetuba, Conceição do Castelo, Itaguaçu e Laranja da Terra. Por meio do “Projeto Cultivar”, o consórcio, que levou o primeiro lugar na categoria Poder Público, pensa em ações que possam recuperar as condições ambientais, principalmente a disponibilidade hídrica.
“O consórcio existe há mais de 25 anos e, na época de sua criação, foi pensado na recuperação da Bacia Hidrográfica do Rio Guandu. Hoje, ele pensa de forma regional [...]. Sabemos que os eventos climáticos e ambientais vêm, então a gente precisa de ações para minimizá-los”, disse Ana Paula Alves Bissoli, secretária executiva do Consórcio Público Rio Guandu.
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