SÃO PAULO - Nova pesquisa do Datafolha confirma a percepção de que Jair Bolsonaro (PL) falava para convertidos ao promover a mistura entre sua campanha à reeleição, críticas às instituições e os atos de celebração dos 200 anos da Independência do Brasil.
As falas de Bolsonaro alcançaram 51% dos eleitores, aponta o instituto. Na amostra total, 65% consideram que o presidente usou o 7 de Setembro para fazer campanha, taxa que chega a 74% entre aqueles que têm de 16 a 25 anos. Já 28% consideraram que ele apenas quis comemorar a data, índice que vai a 39% entre sua base de apoio evangélica. Não souberam avaliar 7%.
A percepção, como seria óbvio, opõe os 45% que declaram voto no principal rival do presidente e líder da corrida até aqui, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e os 33% que apoiam Bolsonaro. No primeiro grupo, 89% acham que o mandatário usou a ocasião para fazer campanha, enquanto no segundo, 67% acreditam que ele celebrava o bicentenário.
Bolsonaro participou de dois eventos no 7 de Setembro, após presenciar um culto no Palácio da Alvorada no qual sugeriu que o golpe de 1964 poderia ocorrer novamente. Primeiro, foi à Esplanada dos Ministérios, onde assistiu ao tradicional desfile cívico-militar da data.
Na sequência, subiu em um carro de som postado perto do palanque em que estava e fez um discurso eleitoral recheado de críticas, de Lula ao Datafolha, e tiradas machistas. Bolsonaro seguiu a orientação de sua ala política e evitou ataques diretos ao sistema eleitoral, mas animou a claque a vaiar o Supremo Tribunal Federal.
Mais tarde, ele seguiu roteiro semelhante em um evento no Rio de Janeiro, onde a tradicional parada realizada por militares no centro foi transferida para um evento na orla de Copacabana.
Os apoiadores de Bolsonaro previam que a mobilização traria uma onda positiva nas pesquisas. O que houve ao fim foi um soluço: o Datafolha aferiu uma oscilação positiva, de dois pontos dentro da margem de erro, em pesquisa colhida nos dois dias seguintes ao evento.
No levantamento desta semana, divulgado nesta quinta (15), a oscilação foi de um ponto para baixo.
Praticamente metade dos ouvidos (49%) diz que Bolsonaro agiu mal no episódio, enquanto 36% aprovam sua conduta e 15%, não opinaram. Como seria previsível, a visão crítica é maior entre eleitores de Lula (75%) e a favorável ao presidente, entre seus apoiadores (80%). Entre quem disse ter conhecimento das falas, a reprovação sobe para 54%.
O Datafolha ouviu, neste levantamento contratado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, 5.926 eleitores em 300 cidades. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos, e a pesquisa está registrada sob o número BR-04099/2022 no TSE.
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