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66% dos brasileiros dormem mal e mulheres são mais afetadas, aponta estudo

66% dos brasileiros dormem mal e mulheres são mais afetadas, aponta estudo

A qualidade do sono é definida pela pesquisa por fatores como duração, regularidade e estados (leve, profundo e REM). A satisfação pessoal com o sono também é considerada

Publicado em 25 de junho de 2022 às 13:20

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Ansiedade noturna consiste na dificuldade de pegar no sono
Mulheres são as principais afetadas. (Pixabay)

Um estudo publicado na revista Sleep Epidemiology (Epidemiologia do Sono, em tradução livre) indica que 65,5% dos brasileiros têm sono de má qualidade. As mulheres são as mais afetadas: quando comparadas às dos homens, as chances de dormir mal são 10% maiores para elas.

A qualidade do sono é definida pela pesquisa por fatores como duração (falta ou excesso), regularidade (interrupções durante a noite) e estados (leve, profundo e REM). A satisfação pessoal com o sono também é considerada.

O sono ruim compromete a retenção de informações e de memórias e causa irritabilidade e cansaço, entre outros problemas.

Os dados foram coletados entre os dias 16 e 30 de março de 2020, poucos dias depois de a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretar a pandemia de Covid-19.

A iminência da alta de casos no Brasil, a possibilidade de lockdowns e o medo de perder o emprego contribuíram para aumentar a ansiedade e depressão entre os brasileiros, levando à piora do sono, segundo Luciano Drager, presidente da ABS (Associação Brasileira do Sono) e professor da Faculdade de Medicina da USP.

Os fatores de risco são maiores para habitantes do Centro-Oeste, do Sudeste e do Sul. Viver em qualquer uma dessas regiões aumenta em 12% a chance de ter pior qualidade de sono em comparação com a região Norte. Quem mora nessa área, segundo o estudo, está mais protegido contra sono ruim.

"Para nossa surpresa, a região Centro-Oeste é a que teve o indicativo de pior qualidade de sono. O ritmo dos grandes centros, que nunca param, pode influenciar. Por isso esperávamos que o Sudeste fosse a região com pior índice."

Ser jovem também é um fator de risco para dormir mal, devido a hábitos como uso excessivo de celulares antes de dormir, consumo de café, energéticos e outros estimulantes, além de trabalho e estudo em ritmo acelerado.

Cruzando fatores de risco, o perfil que se destaca é o da mulher jovem que vive no Centro-Oeste. O homem que vive na região Norte é o perfil mais protegido contra o sono de má qualidade.

Em relação a rotinas, usar celulares antes de dormir é outro fator que diminui a chance de uma noite bem dormida. Atividades interativas como curtir fotos ou fazer comentários em redes sociais deixam o cérebro em alerta e atrasam o sono.

Entre os achados, chamou a atenção dos pesquisadores o que está relacionado a pessoas que têm companheiros mas não dormem na mesma cama ou no mesmo cômodo.

"O sono dessas pessoas é pior. Já sabemos que quando um parceiro tem um distúrbio do sono ou ronca, o outro tem mais chance de dormir mal. Porém, dormir separado também pode estar associado a piora do sono, o que nos leva a alguns questionamentos", diz Drager.

Uma das hipóteses levantadas é um problema de relacionamento. A dificuldade neste caso se traduziria em estresse e ansiedade, afetando a noite de sono.

Os pesquisadores também destacam o papel irrelevante da classe socioeconômica dos voluntários nos resultados obtidos.

Dalva Poyares, neurologista e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e membro da ABS, afirma que a chegada da Covid-19 "igualou para pior" a relação entre a qualidade do sono e a classe socioeconômica analisada.

"Um exemplo é alguém de classe alta [A] que tem ou tinha seu negócio, mas passou a ter medo dos riscos e imprevistos causados pelo vírus. A situação gera aumento do estresse e queda da qualidade do sono."

COMO FOI FEITA A PESQUISA

A pesquisa recebeu 2.635 respostas de voluntários com 18 anos ou mais ao questionário PSQI (Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, em português).

O PSQI é composto por 19 itens divididos em sete componentes que somam pontos de 0 a 3 cada. O resultado máximo do teste é 21 pontos. Quanto mais próximo de zero for a pontuação de uma pessoa, melhor é o seu sono. Valores superiores a 5 indicam sono ruim.

Os participantes responderam ao questionário online aplicado pelo Ibope Intelligence. O resultado médio do PSQI brasileiro foi de 7,3, indicando que o brasileiro dorme mal.

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