SÃO PAULO - Faltam dez dias para a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e, na reta final da maratona de estudos para um dos principais meios de acesso ao ensino superior no Brasil, pode surgir a dúvida: depois de passar o ano inteiro estudando, o que fazer com esse tempo?
A reportagem consultou cursos preparatórios para vestibular em busca de algumas dicas para os candidatos que começarão a realizar o exame nacional no próximo dia 5 de novembro.
Pode parecer lógico e batido — e talvez não fosse exatamente isso que você estivesse procurando ao abrir essa reportagem, mas calma que o momento da revisão de conteúdo chegará em seguida —, mas atenção com o bem-estar e descanso é um dos pontos destacados nessa reta final. Afinal, estamos falando de um momento costumeiramente cercado de pressões e ansiedade.
Ele lembra ainda que os estudantes não devem deixar as atividades físicas de lado, que também ajudam a relaxar.
"O descanso é um momento muito importante para que a mente possa se renovar, processar as informações que vão sendo acumuladas ao longo do dia. Faz parte desses momentos, inclusive, as horas de sono. Então, é importante ter atenção se o sono está sendo reparador ou se por algum motivo os momentos em que você dorme não estão sendo de qualidade", diz Sandro Vimer Valentini Junior, coordenador pedagógico do Poliedro Curso de Campinas.
Foram consultados: Alfredo Terra Neto, da Oficina do Estudante; João Pitoscio Filho, do Etapa; Vera Lúcia Antunes, do Objetivo; Sandro Vimer Valentini Junior, do Poliedro; e Rodney Luzio, do Anglo
Veja agumas dicas
A alimentação, especialmente nos dias de prova e pouco antes do exame, foi outro ponto que professores chamaram a atenção.
"Nada de comer coisas pesadas", diz Vera Lúcia Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo, sobre o sábado que antecede o exame. "Uma das últimas recomendações é dormir. Tem que dormir, descansar. A mente descansada raciocina e percebe mais as coisas."
Com a importância do descanso reforçada, agora vem a parte de como organizar os estudos nos dias pré-exame.
Para Pitoscio Filho, do Etapa, o ideal é manter a rotina de estudos que vinha sendo feita. "Neste momento, arriscar coisas muito diferentes irá gerar mais prejuízos do que ganhos", diz.
Tentar sair revisando tudo não é uma boa ideia, segundo Valentini Junior, do Poliedro. Aqui vale a autocrítica e a honestidade quanto a si mesmo para avaliar seu histórico de preparação e identificar pontos fortes e fracos.
"Com essas informações em mãos é possível estabelecer um cronograma de revisão, priorizando os assuntos com muitas lacunas. Nesse momento, não basta apenas retomar teoria, realizar mais exercícios, montar mapas mentais ou outras ações. É fundamental que as dúvidas sejam solucionadas. Procure qualificar os questionamentos, deixando de lado o 'não entendi'", diz Valentini Junior.
A autoavaliação sobre seus próprios conhecimentos também não significa que você deva estudar absolutamente tudo o que esteja entre os pontos fracos, segundo Rodney Luzio, coordenador de exatas do Curso Anglo.
Ele classifica tais lacunas de conhecimento como pontos sensíveis. Mas nem todo ponto sensível é uma prioridade de estudo para o momento. "Por exemplo: 'não sei logaritmo'. Mas será que logaritmo cai muito no Enem?", questiona o professor.
Dar uma olhada nas provas anteriores do Enem — algo que, possivelmente, já esteja sendo feito/tenha sido feito — também é uma indicação dos professores. Isso é importante para conhecer o padrão do exame.
O treino — e aqui entra também a redação — também evita surpresas na hora do exame e dá ritmo ao estudante, diz Luzio, do Anglo. Uma das ideias que o professor dá é delimitar uma estratégia de resolução da prova, ou seja, quais áreas ou tipos de questão resolver primeiro.
"O Enem é uma prova de paciência, porque tem textos muito longos", diz o professor do Anglo, citando como uma possível estratégia a leitura primeiro da questão e só depois do texto que apoia a pergunta. "E, claro, sempre utilizar o que a gente chama de 'método pega-varetas'. Já sai fazendo um monte de questões que são muito fáceis, porque muitas questões do Enem querem saber se o aluno sabe o básico."
De toda forma, é essencial a leitura cuidadosa das questões, diz Vera Antunes, do Objetivo.
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Além do treinamento, Alfredo Terra Neto, orientador do curso pré-vestibular e professor de história da Oficina do Estudante, aponta alguns conteúdos que, segundo ele, caíram com mais frequência nos últimos cinco anos. Entre eles estão: literatura contemporânea, teoria literária e modernismo; relevo, cartografia e clima, agropecuária, extrativismo mineral, transportes e comunicações; Idade Moderna, relações socioeconômicas e culturais no Brasil colonial.
Alguns filmes e séries podem ajudar a unir distração e informação. O professor da Oficina do Estudante indica, por exemplo, "A Missão", de 1986, "Guerras do Brasil", de 2019, e "Lixo Extraordinário", de 2010.
Alfredo Terra Neto também aconselha fazer uma playlist mais alto astral. "Ouça uma ou duas músicas da playlist a cada momento que começar a ser tomado por insegurança sobre a prova", diz o professor, acrescentando que as músicas podem acalmar também no caminho para o exame.
Agora é confiar no processo que te trouxe até aqui, segundo Valentini Junior, do Poliedro. E, claro, se necessário, buscar ajuda de amigos, parentes, professores ou até mesmo de profissionais de saúde.
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