SÃO PAULO - Jair Bolsonaro (PL), ex-deputado e capitão reformado do Exército, disputou as eleições 2022 em busca de se tornar o quarto presidente a se reeleger desde a redemocratização. Ao invés disso, foi o primeiro ex-presidente a não alcançar reeleição, em disputa que sagrou Lula (PT) ao seu terceiro mandato.
Agora, o político tem pela frente oito anos de inelegibilidade, podendo voltar à disputa em 2030 . Nesta sexta-feira (30), o TSE formou maioria para tornar Bolsonaro inelegível até 2030, quando terá 75 anos.
NASCIMENTO E INFÂNCIA
Bolsonaro nasceu em 1955 na cidade de Glicério, no interior de São Paulo, em uma família de imigrantes italianos e alemães. Ele é o terceiro filho de seis. Na infância, morou em vários municípios paulistas, como Ribeira, Sete Barras e Eldorado, onde cresceu.
CARREIRA MILITAR
Bolsonaro entrou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército aos 17 e, depois, na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), formando-se em 1977 e integrando o setor de paraquedismo da corporação.
PRISÃO
Quando integrava o Exército, Bolsonaro ficou preso durante 15 dias por escrever um artigo na revista Veja em que reclamava das condições salariais dos militares, segundo ele, precárias. O texto chegou a gerar uma manifestação em frente ao complexo militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, o STM (Superior Tribunal Militar) o absolveu.
BOMBA E IDA À RESERVA
Em 1987, a Veja publicou que Bolsonaro e outro oficial planejavam explodir bombas-relógio em unidades militares do Rio de Janeiro, com esboços do plano atribuídos ao ex-presidente. Ele foi condenado por unanimidade pelo CJM (Conselho de Justificação Militar), mas recorreu ao STM, sendo então absolvido.
Com o caso, decidiu ir para a reserva e iniciar a carreira política, concorrendo à vaga de vereador.
POLÍTICA E ELEIÇÃO PARA VEREADOR
Bolsonaro entrou na vida pública com a exitosa candidatura a vereador do Rio de Janeiro pelo antigo PDC (Partido Democrata Cristão). Empossado em 1989, apresentou sete projetos de lei, todos relacionados a causas militares. Deixou o cargo em 1991 para se tornar deputado federal.
DEPUTADO FEDERAL
Eleito deputado federal em 1990, Bolsonaro tomou posse no ano seguinte, ainda pelo PDC. Manteve-se no cargo por sete mandatos, contabilizando 28 anos no Legislativo. Tentou ser presidente da Câmara em 2005, 2011 e 2017, sendo derrotado todas as vezes.
PARTIDOS POLÍTICOS
Além do PDC, partido pelo qual foi eleito vereador e deputado federal pela primeira vez, Bolsonaro foi filiado a muitas outras siglas ao longo de sua carreira: PPR, PPB que depois se tornou o PP, do qual ele também fez parte, PTB, PFL que mais tarde se tornou DEM e hoje é o União Brasil, PSC, PSL e PL.
Tentou criar uma legenda, que se chamaria Aliança pelo Brasil, mas não conseguiu a quantidade de assinaturas necessárias para oficializar a criação do partido.
RELAÇÃO COM DITADURA MILITAR
Bolsonaro já declarou em diversas entrevistas ser favorável à ditadura que comandou o Brasil entre 1964 e 1985. Também já afirmou que considera o golpe que alçou os militares ao poder uma "revolução".
ANTIPETISMO E CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA
Diante da crescente rejeição ao PT e da popularidade da Operação Lava Jato, Bolsonaro decide se candidatar ao cargo de presidente em 2016.
FACADA E QUASE MORTE
Em 6 de setembro de 2018, sofreu uma facada durante ato em Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais. Foi atingido no abdômen e precisou passar por três cirurgias. O autor do crime, Adélio Bispo de Oliveira, foi preso e absolvido por ser considerado inimputável devido a problemas psicológicos.
2018 E PRESIDÊNCIA
Bolsonaro recebeu 46% dos votos no primeiro turno, chegando em primeiro lugar na segunda rodada contra Fernando Haddad (PT), que reuniu 29,28% dos votos. O segundo turno não teve nenhum debate entre os dois candidatos devido à recuperação do deputado federal após o episódio da facada.
Foi eleito com 55,13% dos votos válidos, contra 44,87% do ex-prefeito de São Paulo.
PANDEMIA DE COVID
A gestão de Bolsonaro durante a pandemia de coronavírus foi amplamente criticada, com o presidente se posicionando de forma contrária ao isolamento social, recomendando o uso de cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a Covid-19, e atrasando a compra de vacinas.
ATRITOS COM JUDICIÁRIO
O mandato de Bolsonaro também ficou marcado por atritos entre o chefe do Executivo e o Judiciário, especialmente o STF e o ministro Alexandre de Moraes. Ele já chamou o magistrado de "vagabundo" e ameaçou não cumprir decisões da corte.
DERROTA NA ELEIÇÃO DE 2022
A disputa eleitoral sagrou Bolsonaro como o primeiro ex-presidente brasileiro a não conseguir se reeleger. Ele alcançou 49,1% do votos válidos e perdeu o segundo turno da disputa, vencida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 50,9%. Essa foi a menor diferença da história brasileira desde a redemocratização, em 1985.
FUGA PARA OS EUA
Nas semanas que sucederam sua derrota eleitoral, o presidente verborrágico deu lugar a um Bolsonaro recluso e quieto. Seu silêncio surtiu efeito junto à base radicalizada, que se reuniu em frente a quartéis para pedir uma intervenção militar. Em 30 de dezembro, ele voou para os Estados Unidos em avião da FAB (Força Aérea Brasileira), desprezando o rito democrático de passar a faixa para o novo presidente.
BOLSONARO E GOLPISMO
Em 8 de janeiro, manifestantes golpistas realizaram atos de vandalismo em Brasília e entraram em confronto com a PM. Dos EUA, Bolsonaro publicou que depredações e invasões a prédios públicos fogem à regra da democracia, e que durante seu mandato esteve "dentro das quatro linhas da Constituição".
Ele é investigado em inquérito a PF que mira os autores intelectuais da investida golpista por ter feito uma série de declarações que incitavam o golpe durante seu mandato, além de posteriormente ter criticado a prisão dos invasores de Brasília.
INELEGIBILIDADE E INCERTEZA POLÍTICA
Bolsonaro foi declarado inelegível pelo TSE em junho de 2023, responsabilizado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio do Alvorada em 2022. A ação tem como consequência oito anos de inelegibilidade.
Para a atual legislação, Bolsonaro poderá voltar a concorrer ao pleito nas eleições de 2030, aos 75 anos. Ele deve atuar como cabo eleitoral nos próximos pleitos, indicando um sucessor em 2026.
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