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Abandonada pelo partido, Tebet diz que MDB cedeu ao toma lá, dá cá

Abandonada pelo partido, Tebet diz que MDB cedeu ao toma lá, dá cá

Senadora afirma que governo busca desestabilizar, tem projeto de se perpetuar no poder e usa pauta armamentista para estimular confronto

Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 16:26- Atualizado há 4 anos

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Senadora Simone Tebet (MDB-MS)
Senadora Simone Tebet (MDB-MS). (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Abandonada pelo seu próprio partido na disputa pela presidência do Senado, Simone Tebet (MDB-MS) criticou nesta sexta-feira (29) alguns dos seus companheiros de bancada, afirmando que parte do MDB cedeu à "tentação do fisiologismo, do toma lá dá cá".

A senadora também fez duas críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmando que busca desestabilizar as instituições e que tem um projeto de perpetuação no poder.

Tebet também afirmou que a política armamentista do presidente Jair Bolsonaro é para dar "suporte a uma estrutura de confronto".

Tebet participou na manhã desta sexta-feira de evento virtual com lideranças femininas. Participaram personalidades políticas Estavam presentes personalidades políticas, do judiciário e militantes partidárias.

"Eu, como qualquer mulher brasileira, não me curvo fácil. Não foi fácil receber essa missão [a candidatura pela bancada do MDB]", afirmou a senadora.

"Mas mais difícil do que receber essa missão foi saber que, no meio do caminho, uma parte do meu partido cedeu à tentação do fisiologismo, do toma lá, dá cá dos cargos e optaram por espaços na Mesa [Diretora do Senado] ao invés de espaço de luta, da luta história do MDB", completou.

As declarações foram dadas um dia após ter anunciado sua candidatura independente à presidência do Senado.

A senadora era a candidata do MDB, mas sua bancada rachou após uma ofensiva do grupo do DEM que ofereceu cargos em troca do apoio a Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Pacheco é o candidato do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do presidente Bolsonaro. O senador mineiro já conta com apoio de 10 bancadas, que garantem votos suficientes para vencer a disputa - desconsiderando possíveis traições.

Alcolumbre se reuniu nesta semana com o líder da bancada do MDB, senador Eduardo Braga (MDB-AM), e ofereceu ao partido a vice-presidência do Senado, a Segunda Secretaria da Mesa Diretora e o comando de duas comissões -entre elas a importante CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Com a dificuldade de Tebet em obter apoio, membros da bancada já vinham pressionando pela desistência e uma composição com o grupo de Pacheco. Após reunião da bancada na quarta-feira, houve sinalização de que o acordo avançaria. Por isso Tebet decidiu se lançar como independente.

Durante o evento virtual, várias militantes fizeram críticas ao governo Jair Bolsonaro, que estaria representando uma ameaça à democracia. Tebet concordou com as falas.

"Vocês falaram muito bem. É um governo que aos poucos desestabiliza as instituições, descredencia a imprensa livre, organismos da sociedade civil, como o nosso, organismos internacionais para poder ocupar espaço e aos poucos tenta, em um processo que está relacionado a uma perpetuação no poder. O problema não é 2022. O problema é o que eles farão em 2021", completou.

A senadora em seguida afirmou que as mulheres podem justamente ser a fonte da resistência ao atual do governo. E pediu atenção aos movimentos sociais para monitorarem a atuação do Congresso, após as eleições para as presidências da Câmara e do Senado.

"Vocês precisam ficar atentas ao que vai acontecer a partir do dia 2 no Senado. Essa pauta armamentista, que não é para dar segurança para a família. É para dar suporte a uma estrutura de confronto, porque é isso que eles querem. Qualquer coisa vai ser motivo para colocar arma na rua, para decretar estado de Defesa", afirmou.

"Ao ouvir falar essa palavra [Estado de Defesa], porque quem é advogada como eu, eu cheguei a falar 'não é possível que eu estou voltando a ouvir isso'. Estado de Defesa é a ante-sala. É a porta de entrada para algo muito mais grave", completou.

Também nesta sexta-feira, a equipe do senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) entrou com um mandado de segurança contra Alcolumbre e a Mesa Diretora do Senado, para que seja respeitada a regra da proporcionalidade na eleição que será realizada na próxima segunda-feira (1º de fevereiro).

A regra, prevista no regimento da Casa e na Constituição, argumenta o senador na ação, prevê que a presidência do Senado caberia à maior bancada. No caso, seria a bancada do MDB, que conta com 15 parlamentares.

"Assim como a vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade garante a independência do Poder Judiciário, a representação proporcional dos partidos na constituição da mesa diretora, que é a responsável pela organização da agenda do legislativo e das pautas de votação, garante que este Poder não estará sujeito a controle e interferências externas (pelo menos em tese)", afirma o senador, na petição.

Na sua petição, o senador argumenta que há desrespeito à independência entre os poderes, uma vez que o governo Bolsonaro estaria oferecendo cargos e verbas em troca de votos.

"Para garantir a eleição do seu escolhido, o Chefe do Poder Executivo tem feito inúmeras intervenções e cooptações (como se referiu o Senador Tasso Jeiressati), o que inclui distribuição de cargos e liberação de emendas".

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