A Prefeitura de Xapuri, no Acre, colocou sob monitoramento 51 moradores da cidade que receberam doses vencidas da vacina AstraZeneca contra a Covid-19.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que registros oficiais do Ministério da Saúde indicam ao menos 26 mil doses vencidas do imunizantes que foram aplicadas em postos de saúde do país.
Segundo o diretor de ações básicas de Xapuri, Francisco Andrade da Silva Souza, as 51 doses vencidas na cidade foram aplicadas entre os dias 2 e 14 de junho. O lote usado venceu em abril.
"Já detectamos todos os moradores que receberam as doses vencidas. Alguns já nos procuraram", afirmou Souza.
O procedimento a ser adotado agora, segundo o diretor, será a aplicação de nova dose do imunizante 45 dias depois do recebimento da vacina vencida. Andrade afirmou ainda que nenhum dos moradores que receberam a dose com prazo de uso extrapolado apresentou problemas de saúde.
As doses para a imunização contra a Covid-19 na cidade estão chegando escalonadas, o que, na avaliação de Souza, pode ter gerado erro por parte da equipe responsável pela imunização na cidade. "Estamos fazendo um pente-fino e apurando o que aconteceu".
Em nota, a Prefeitura de Xapuri afirmou que um procedimento interno foi aberto para verificar o que pode ter ocorrido.
"A secretaria de Saúde reforça seu compromisso e atuação com a população de Xapuri e seguiremos os rigorosos protocolos do Programa Nacional de Imunização para garantir que não se repita o ocorrido, e que o processo continue ágil e com a maior brevidade possível Xapuri volte a sua normalidade tão desejada", diz a nota.
Antes da publicação da reportagem da Folha de S.Paulo, ao menos duas cidades já haviam identificado a irregularidade e tomado providências.
Foi o caso de Dracena (SP), que informou que 80 pessoas foram vacinadas nos dias 14 e 15 de abril com doses fora do prazo de validade. À época, a prefeitura revacinou as pessoas com o mesmo imunizante.
No interior da Paraíba, a cidade de Alagoa Grande também admitiu ter aplicado 72 doses da vacina AstraZeneca fora do prazo de validade. O caso ocorreu em maio e a revacinação começou há uma semana, após orientação do Ministério da Saúde.
Outras prefeituras, no entanto, negaram terem aplicado doses vencidas contra a Covid-19, argumentando erro de registro no sistema.
Integrantes do Observatório Covid-19 BR publicaram um artigo na Folha de S.Paulo defendendo que a reportagem que apontou as irregularidades "induz a equívocos" porque parte de uma base de dados que possui inconsistências há muito tempo sabidas.
"Não há elementos sólidos para afirmar que brasileiros tomaram vacina vencida contra Covid. Assim como a equipe de reportagem, membros do Observatório Covid-19 BR verificaram essas informações, fazendo uma amostragem na base de dados. Na amostra analisada, o que foi encontrado sugere fortemente que se trata de erros de digitação nas bases de dados ou erros a partir da alimentação dos dados no sistema nacional (SI-PNI) a partir de sistemas próprios dos estados e municípios", diz o texto.
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