Adversários políticos e protagonistas de intensas trocas de acusações, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), abandonaram o tom belicoso das últimas declarações durante reunião virtual do mandatário com chefes dos governos estaduais.
Doria, que já foi chamado de "gravatinha" por Bolsonaro e disse que o mandatário vive numa "redoma em Brasília", pregou paz quando falou na teleconferência.
"Este é o sentimento dos governadores do Brasil. Vamos em paz, presidente, vamos pelo Brasil, e vamos juntos. É o melhor caminho e a melhor forma de vencer a pandemia", declarou o governador.
Participaram da videoconferência de Bolsonaro com os governadores os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Na rápida reunião, Bolsonaro avisou que sancionará o projeto de lei que cria uma rede de auxílio financeiro aos demais entes federados e disse que vetará um dispositivo que abre brecha para que haja reajuste ao funcionalismo público. O presidente pediu apoio aos governadores para articular no Congresso Nacional a manutenção desse veto.
"Quero exaltar e cumprimentar a forma como essa reunião está sendo conduzida, para a união de todos. O Brasil precisa estar unido para vencer e ajudar e proteger a saúde dos brasileiros. O nosso foco neste momento é exatamente esse, proteger os brasileiros. A existência de uma guerra coloca todos em derrota. Ninguém ganha numa guerra", acrescentou Doria.
Em suas intervenções, Bolsonaro agradeceu a manifestação de Doria e evitou entrar em confronto com seu adversário político.
"O motivo da reunião é uma continuidade, um esforço de todos, na busca de minorar e mitigar problemas e atingir na ponta da linha aqueles que são afetados por essa crise, que nós não sabemos ainda o tamanho da sua dimensão. Ela realmente em muito prejudicou não só o Brasil, mas o mundo todo", afirmou Bolsonaro.
"O governo federal, se Deus quiser, sancionará hoje mesmo esse projeto com vetos. Os quais, segundo o nosso entendimento, devem ser mantido para todos nós", acrescentou.
O tom ameno entre Bolsonaro e Doria foi completamente oposto ao da última vez que ambos participaram de uma videoconferência, em 25 de março. Na ocasião, Doria cobrou "serenidade, calma e equilíbrio", e ameaçou ir à Justiça se o governo federal confiscasse respiradores mecânicos para doentes graves com Covid-19.
Bolsonaro, por sua vez, reagiu de forma ríspida e acusou o governador de, nas eleições, apoderar-se do seu nome para se eleger governador.
"Subiu à sua cabeça a possibilidade de ser presidente do Brasil. Não tem responsabilidade. Não tem altura para criticar o governo federal", disse o presidente ao tucano. "Se você não atrapalhar, o Brasil vai decolar e conseguir sair da crise. Saia do palanque", acrescentou Bolsonaro em março.
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