SÃO PAULO - Advogado e um dos assessores mais próximos de Jair Bolsonaro (PL), o ex-secretário especial de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten nega que o ex-presidente e seus filhos tenham fugido da Polícia Federal nesta segunda-feira (29).
A casa do ex-mandatário na praia de Mambucaba, uma vila histórica de Angra dos Reis (RJ), é alvo de uma operação de busca e apreensão contra Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro e seu filho. Flávio e Eduardo Bolsonaro também estão hospedados no local.
Quando a PF chegou à residência, nenhum deles estava presente. Como mostrou a coluna, os integrantes da família haviam saído de lancha no início da manhã para pescar.
"O presidente Jair Bolsonaro saiu para pescar as 5:00 [da manhã] com filhos e amigos bem antes de qualquer notícia", escreveu Wajngarten, em publicação nas redes sociais.
"Não foi encontrado nenhum computador de quem quer que seja na residência ou gabinete do vereador", disse ainda, rebatendo a informação de que um notebook da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) estaria em posse de Carlos Bolsonaro.
"A responsabilidade com a apuração e com a notícia faz parte do jornalismo dito profissional", afirmou Wajngarten ainda.
A casa em Angra dos Reis é a mesma, inclusive, em que a família gravou uma live no domingo (28) para falar sobre as investigações de uma suposta "Abin Paralela", que teria funcionado no governo Bolsonaro sob o comando do hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Carlos e o pai estavam na praia quando receberam a notícia da operação. Assessores e advogados foram acionados por eles, que buscaram tentar se inteirar melhor das informações sobre as buscas e apreensões.
Carlos teria virado alvo depois que celulares e computadores apreendidos em imóveis de Ramagem teriam mostrado que o vereador foi um dos destinatários de informações que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) coletava sobre adversários políticos da família, que seriam espionados ilegalmente.
Além de Carlos, os policiais também investigam suposto uso da agência para favorecer Flávio e Jair Renan, também filho do ex-presidente.
Na live de domingo (28), Bolsonaro negou a existência de uma Abin paralela, disse que a investigação é apenas uma "narrativa" e chamou Ramagem de "cara fantástico".
Além da casa de Angra, são alvos da PF o gabinete do vereador e uma residência no Rio de Janeiro. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e também são cumpridos mandados em Formosa (GO) e Salvador (BA).
Segundo a PF, as medidas desta segunda-feira tem como objetivo "avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin [Agência Brasileira de Inteligência]".
Relatórios produzidos pela agência sob Bolsonaro e o uso do software espião First Mile estão no centro da investigação da PF. Na última quinta (25), a PF deflagrou a operação Vigilância Aproximada, desdobramento da Última Milha, deflagrada em outubro de 2023.
A polícia investiga se a agência utilizou o software de geolocalização e se produziu relatórios sobre ministros do STF e políticos adversários do ex-presidente.
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