Em discurso em ato político dando pontapé inicial em sua pré-campanha, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin disse que muitas pessoas utilizam a política como uma forma de autopromoção, mas que ela se faz "por amor às pessoas". "Hoje a política, muitas vezes, é a ribalta, para 'marketagem', para autopromoção. Quem muito se promove, não comove. A vida nos ensina: devemos estar a serviço do povo, permanentemente", disse
Alckmin estava ao lado do ex-governador Márcio França (PSB), do presidente da Fiesp, Paulo Skaf (MDB), e do presidente do PSD, Gilberto Kassab. O quarteto subiu junto à tribuna da Câmara Municipal de Cajamar, na região metropolitana de São Paulo, para selar uma aliança para as eleições estaduais de 2022. Banners com fotos de Alckmin, França e Skaf foram distribuídos pela Câmara Municipal, que recebeu centenas de correligionários do PSD e PSB. Houve aglomeração no local.
Pela articulação em curso, França, que concorreu à Prefeitura de São Paulo no ano passado, deve voltar a ser candidato a vice de Alckmin, repetindo a parceria da eleição de 2014. Skaf, por sua vez, deverá concorrer ao Senado.
O ex-governador Geraldo Alckmin foi o último a falar no microfone. Com um discurso de afirmação da política, contou anedotas do período em que foi prefeito de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo. Em meio aos seus relatos, negou ser "contra" outros políticos. "Política não se faz com o fígado, guardando ressentimentos na geladeira", afirmou.
Alckmin também chamou atenção para a inflação alta, acima dos dois dígitos no acumulado dos últimos 12 meses, e criticou o aumento do ICMS feito pelo governador João Doria (PSDB). "Veja o preço que está o diesel e que aumenta tudo: o preço do supermercado, o preço do ônibus para o trabalhador, tudo."
Antes dele, o ex-governador Márcio França começou o seu discurso exaltando Mário Covas e fazendo citações históricas a São Paulo. Em sua fala, também criticou Doria. Chegou a dizer que "metade do País gosta do Lula, metade gosta do Bolsonaro", mas que "há um homem que pode unir o Brasil: João Doria. 100% das pessoas não gostam dele". O pessebista foi vice-governador de Alckmin e disputou o 2° turno contra Doria em 2018.
Ele condenou o número de mortes por covid-19 no Estado e o fato de ter se realizado carnaval em 2020. Também ressaltou o impacto da inflação para a população e lembrou que houve aumento de ICMS durante a pandemia. Disse que o Estado está parado e acusou Doria de estar pensando apenas nas eleições presidenciais de 2022. "O que o cidadão de São Paulo tem a ver com as prévias do PSDB? Vamos trabalhar!"
Dizendo que "Doria não tem amigos de mais de dois anos", criticou o fato do tucano ter abandonado a prefeitura de São Paulo, em 2018, para se eleger governador e agora, eleito, querer se candidatar a presidente. "Doria não quer ser governador. Cada vez que ele se elege para um cargo, já quer ir para outro", falou França, ao que foi acompanhado por gritos dos correligionários de "Fora Doria! Fora Doria!"
Ex-aliado de Doria, Kassab fez uma fala exaltando a aliança e disse que o quarteto é o que "há de melhor na política brasileira". O líder do PSD disse, ainda, que os que têm duas opiniões "fazem leilão". "O PSD manifestou sua opinião: o partido estará incondicionalmente ao seu lado, Geraldo."
Candidato derrotado ao governo em 2018, Skaf fez críticas à condução de Doria na pandemia nas áreas do transporte público e na educação. "O lema é: vamos estar juntos por São Paulo e pelo Brasil. Nós observamos no Doria e sua turma que eles aumentaram impostos até das seringas", afirmou o empresário.
O deputado federal Fausto Pinato (Progressistas-SP), vice-líder do partido na Câmara dos Deputados, foi o primeiro a discursar e disse que no evento está se construindo "uma nova história para São Paulo". "Fiquei com muita felicidade quando soube que eles - Geraldo, Márcio, Skaf e Kassab - vão formar um quarteto fantástico."
No âmbito federal, o Progressistas abriga Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, e Arthur Lira (Progressistas-AL), presidente da Casa e aliado do presidente Jair Bolsonaro. O presidente considera João Doria seu rival político.
Pinato encerrou o discurso na tribuna dizendo que é preciso ter "gratidão" e respeitar a fila na política. "Quero dizer ao João Doria e ao Rodrigo Garcia que ainda existem pessoas que não se vendem", fazendo referência aos atuais governador e vice, respectivamente. Com Doria mirando o Planalto e Alckmin de saída do partido, recentemente Garcia se tornou o pré-candidato do PSDB ao governo estadual.
O advogado eleitoral Anderson Pomini, que atua com Márcio França, fez um discurso acusando João Doria e Rodrigo Garcia de abuso do poder econômico e improbidade administrativa em suas pré-campanhas. Pomini foi secretário de Justiça de Doria na Prefeitura, mas rompeu com o tucano.
O deputado estadual Caio França (PSB) também fez críticas ao governador e seu vice. "Doria e Garcia aumentaram o ICMS na pandemia. Infelizmente a Assembleia se curvou a isso."
Alckmin ainda não definiu por qual partido vai concorrer ao seu quinto mandato no governo do Estado. O PSD e o partido que vai nascer da fusão PSL-DEM são as suas atuais opções na mesa. As articulações em busca do comando do Estado, no entanto, já começaram. O ex-governador tem mantido uma agenda de conversas com políticos e líderes do interior de São Paulo que, apesar de estarem oficialmente na base do atual governador, João Doria, prometem ajudá-lo a reconquistar o Palácio dos Bandeirantes. O atual vice-governador, Rodrigo Garcia, deverá representar os tucanos na disputa.
O ex-governador ficou isolado na cúpula do PSDB, legenda que ajudou a fundar, quando Doria, seu "afilhado" político, decidiu filiar o seu vice, Rodrigo Garcia, ao partido para que pudesse disputar o governo do Estado. O prazo de inscrição para as prévias do partido foi encerrado na última segunda-feira, 20, e como era esperado, Alckmin não registrou o seu nome. Com isso, Garcia se tornou pré-candidato à disputa.
O PSD figura como um dos destinos mais prováveis de Alckmin. Mas o ex-governador também chegou a ser procurado por ACM Neto, presidente nacional do DEM, que pediu para que esperasse a definição da fusão da legenda com o PSL. Esta união deve criar um "super partido" para as eleições de 2022. A conversa, no entanto, sofreu um revés com o avanço do processo de junção, já que o PSL estadual está mais alinhado a Garcia.
De acordo com o Datafolha, Alckmin lidera a atual disputa para o governo do Estado, com 26% das intenções de voto. Em segundo lugar, vem o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, com 17%, e em terceiro, França, com 15%.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta