O Ministério da Educação afirmou neste sábado (18) que parte das notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi divulgada com erros. Cerca de 39 mil estudantes podem ter sido afetados.
O ministro Abraham Weintraub havia comemorado em diversas ocasiões que a última edição do exame, a primeira sob o governo Jair Bolsonaro, havia sido a melhor de todos os tempos por falhas não terem sido registradas.
Consolidada como a principal forma de ingresso para as mais prestigiadas universidades do país, a prova já teve outras falhas e virou caso de polícia. Relembre os principais contratempos envolvendo o Enem.
No primeiro ano com o atual formato, valendo ingresso para universidades públicas em todo o país, a prova vazou dois dias antes da aplicação.
Um funcionário de uma empresa de segurança que trabalhava na gráfica que imprimia as provas furtou uma cópia e tentou vendê-la ao jornal O Estado de S. Paulo. A veracidade do material foi confirmada e o então ministro da Educação Fernando Haddad cancelou o Enem.
Uma década depois, ninguém foi preso por causa disso. Quatro envolvidos no vazamento e na tentativa de vender o material foram condenados em 2011 pela Justiça Federal, mas recorrem em liberdade.
Na época, o prejuízo calculado pela Procuradoria Federal foi de R$ 45 milhões, com a aplicação às pressas de uma nova prova ainda naquele ano (o valor equivale a R$ 80 milhões com atualização da inflação).
No ano seguinte, em 2010, houve uma falha na impressão e os candidatos que faziam provas em cadernos amarelos perceberam questões repetidas e até faltantes. Nos gabaritos, cabeçalhos das provas de ciências humanas e ciências da natureza foram tocados.
A Justiça Federal mandou suspender a prova, mas, ao fim do processo, só os alunos que receberam as provas com falhas precisaram repetir o exame.
Além disso, a Polícia Federal descobriu que uma aplicadora de Remanso (BA), teve acesso ao tema da redação duas horas antes da aplicação da prova, e avisou o filho em Petrolina (PE).
Em 2011, o Enem trouxe 14 questões repetidas de um simulado aplicado uma semana antes em uma escola de Fortaleza. A Justiça Federal decidiu pela anulação dessas questões para os alunos do colégio. Um ano antes, a escola havia participado de um pré-teste, uma das etapas de elaboração da prova para avaliar o grau de dificuldade das questões.
Parte dos estudantes que fizeram o Exame em 8 e 9 de novembro de 2014 tiveram problemas pontuais, como falta de energia elétrica, e puderam refazer a prova em 9 e 10 de dezembro daquele ano --o que é comum. Mas 31 estudantes de Pernambuco tiveram que fazer a prova uma terceira vez: o caminhão dos Correios que transportava os cartões de resposta e as provas de redação desses alunos foi roubado no Rio de Janeiro.
O caminhão roubado levava também as provas de 1.674 presos, e o exame teve que ser reaplicado mais uma vez em 45 presídios de 23 cidades do Ceará e Pernambuco.
Em 2016, centenas de escolas pelo país foram ocupadas por estudantes em protesto contra a PEC 241 (que limitou os gastos com educação), a reforma do ensino médio e o projeto Escola Sem Partido. Boa parte desses colégios teria aplicação do Enem, e os 274 mil inscritos nesses locais precisaram fazer a prova em uma nova data.
Apesar de o ministro da Educação comemorar que não houve falhas no primeiro Enem sob o governo Bolsonaro, houve pelo menos dois casos em que fotos do exame vazaram antes do fim da aplicação da prova, tanto no primeiro quanto no segundo dia do exame.
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