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Aliado, Centrão fica esquecido nas redes sociais do clã Bolsonaro

Aliado, Centrão fica esquecido nas redes sociais do clã Bolsonaro

As duas únicas menções feitas pelo presidente foram registradas em junho de 2018, antes da campanha que o elegeu presidente

Publicado em 30 de outubro de 2022 às 12:54

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Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro é candidato à reeleição. (Alan Santos / PR)
  • Samuel Lima e Levy Teles

Protagonista durante a gestão do governo Jair Bolsonaro (PL), o Centrão só foi citado 19 vezes em postagens em redes sociais pelo presidente e pelos seus três filhos políticos - Flávio, senador, Eduardo, deputado federal, e Carlos, vereador no Rio - nos últimos oito anos, segundo levantamento obtido no banco de dados Metamemo, que abrange publicações nas plataformas Facebook, Instagram e Twitter, entre outras.

As duas únicas menções de Bolsonaro foram registradas em junho de 2018, antes da campanha que o elegeu presidente - quando ele se apresentava como candidato antissistema e prometendo o fim do "toma lá, dá cá" no governo. "O Centrão, em nome do patriotismo e da ética, contra Jair Bolsonaro. Tudo não passa de desespero ante a possibilidade de serem apeados do poder", escreveu em um dos posts. Desde que assumiu o cargo, em 2019, foram nove citações, restritas apenas aos filhos.

Desde que o bloco - que já aderiu a seguidas gestões na Presidência, independentemente de posições ideológicas - entrou no atual governo, em 2020, a família mudou o discurso em público A estratégia, por um lado, evita desgaste e, por outro, garante a governabilidade.

Para o cientista político Rafael Cortez, a ausência da discussão sobre o Centrão na campanha eleitoral envolve o fato de que tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto Bolsonaro entendem que é preciso do agrupamento político para governar. "A pauta também não foi explorada pelo PT porque isso é o que todo mundo faz. Os governos fazem coalizão partidária majoritária, o que inclui membros do Centrão", afirmou.

Discurso

Apesar de ter abandonado o termo em suas redes, Bolsonaro deu declarações públicas contraditórias sobre os aliados após atacá-los. Disse que era "do Centrão" ao justificar o convite para ao senador Ciro Nogueira (Progressistas) assumir a Casa Civil, em julho de 2021.

Os filhos também mudaram o discurso e passaram a argumentar que o relacionamento do pai com o bloco de partidos é diferente do de governos anteriores. "Sem mensalão nem petrolão. O que mudou na relação Congresso-presidente com a chegada de Bolsonaro? Próprios líderes do Centrão dão seu testemunho", publicou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), em abril deste ano.

O conteúdo é acompanhado de um vídeo em que Roberto Jefferson (PTB) - aliado de Bolsonaro que recentemente foi preso em flagrante depois de atirar com um fuzil e jogar granadas em agentes da Polícia Federal - relata que o PT abria a possibilidade de desvios por corrupção em estatais, diferentemente do atual presidente.

A contradição se estende a nomes de aliados, como Ciro Nogueira. Em março de 2015, Eduardo Bolsonaro divulgou manchete do jornal O Globo sobre a abertura de um inquérito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar o parlamentar. "Ciro Nogueira é o senador presidente do PP, aquele que, mesmo antes da convenção de seu partido, gritava aos quatro cantos que Jair Bolsonaro não seria candidato a presidente em 2014, pois o PP apoiaria Dilma.

Interpelado por Bolsonaro os motivos para tanto, a pergunta ficou sem resposta…", insinuou o deputado na ocasião. "Ciro Nogueira arranca a máscara do governador do Piauí (Wellington Dias), do PT. Tentou se apropriar da obra de Bolsonaro e se deu mal!", festejou o senador Flávio Bolsonaro (PL), em publicação de março deste ano

O primeiro movimento em favor do Centrão ocorreu com a reforma da Previdência, ainda no primeiro semestre de 2019. Em junho de 2020, Fábio Faria (Progressistas), na época filiado ao PSD, foi o primeiro político do grupo a assumir um ministério - seguido de nomes como Gilson Machado (PL), João Roma (PL), Flávia Arruda (PL) e Marcos Montes (PSD), além de Nogueira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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