A aluna do curso de medicina da USP Alicia Dudy Müller Veiga, 25, prestou depoimento na tarde desta quinta-feira (19) no 16º Distrito Policial, na Vila Clementino, em São Paulo.
Ela é investigada pelo crime de apropriação indébita de R$ 920 mil, desviado do fundo de formatura de sua turma na faculdade. A pena pelo crime é de quatro anos de reclusão, além de pagamento de multa.
A informação é do delegado Guilherme Azevedo, do 16º DP, que conduz a investigação junto à delegada Zuleika Gozalez. Segundo Azevedo, ao menos nove transferências foram feitas pela empresa Às Formatura para três contas pessoais de Alicia, a pedido da estudante, que era presidente da comissão de formatura.
O depoimento de Alicia durou cerca de quatro horas e meia e terminou por volta das 18h30. Ela estava acompanhada de seu advogado, Sergio Ricardo Stocco, e ambos deixaram a delegacia sem falar com os jornalistas.
Em seu depoimento, Alicia confessou que desviou dinheiro da formatura e que usou parte dos valores com gastos pessoais.
"Está comprovado o crime de apropriação de valores. A informação mais importante até o momento é que ela usou parte desse dinheiro com aluguéis, aluguel de apartamento, aluguel de carro", disse Gonzalez.
"Ela realmente tirou esse dinheiro da formatura. Ela resolveu aplicar por conta, acabou fazendo péssimas aplicações e perdendo valores. Tentou recuperar de várias formas e acabou usando em benefício próprio parte dos valores", acrescentou a delegada. Entre os gastos está também a compra de um iPad Pro no valor de R$ 6.000.
A delegada disse ainda que um eventual pedido de prisão da estudante "é algo improvável, porém não impossível".
Além da investigação por apropriação indébita, Alicia é investigada na Deic de São Bernardo do Campo (ABC paulista) por suspeita de estelionato e lavagem de dinheiro após calote em uma casa lotérica, em julho. De acordo com as investigações, ela teria apostado ao menos R$ 800 mil em jogos de loteria.
Além da estudante, outros dois integrantes da comissão de formatura foram ouvidos na quarta-feira (18). Eles informaram que Alicia costumava se apresentar à disposição para resolver todas questões referentes à formatura. "Solícita" e "humilde" foram algumas das características atribuídas a ela.
De acordo com a empresa Às Formatura, o presidente da comissão tinha permissão de movimentar o dinheiro. Os alunos da Faculdade de Medicina haviam elaborado um estatuto que previa que movimentações acima de R$ 10 mil precisariam da assinatura do presidente ou vice-presidente junto aos dois tesoureiros, mas o documento não foi formalizado em cartório, nem comunicado à empresa.
A empresa foi notificada pelo Procon-SP a dar explicações sobre como Alicia conseguiu transferir o dinheiro do fundo e, segundo o órgão, apresentou "informações genéricas". Assim, uma reunião foi marcada para segunda-feira (23) para que a Às Formatura esclareça a situação.
Ainda de acordo com o Procon, caso a empresa não tenha zelado pelo patrimônio dos consumidores -ou seja, não tenha guardado os valores de modo adequado-, poderá responder a processo administrativo.
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