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Alunos de Medicina vítimas de golpe tentarão parceria para formatura

Alunos de Medicina vítimas de golpe tentarão parceria para formatura

Empresas de doces e fotografia e celebrante já indicaram que poderão ajudar; estudantes perderam R$ 937 mil desviados por colega, que foi indiciada por apropriação indébita

Publicado em 21 de janeiro de 2023 às 11:03

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Fabiana Cambricoli, Caio Possati e Fausto Macedo

Os alunos da turma 106 da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), vítimas de um desvio de quase R$ 1 milhão arrecadado para a festa de formatura, tentarão parcerias nas redes sociais para viabilizar a festa de conclusão de curso, prevista para acontecer em janeiro de 2024.

Os estudantes, que acabaram de ingressar no sexto e último ano da graduação, vinham pagando as mensalidades da festa desde 2019, mas descobriram no último dia 6 que a colega Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, então presidente da comissão de formatura, havia sumido com os R$ 937 mil arrecadados pelos 110 alunos que haviam aderido à comemoração.

Estudante Alicia Dudy Muller Veiga, acusada de golpe por desviar quase R$ 1 milhão arrecadado para a formatura da turma da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, é suspeita de desviar quase R$ 1 milhão arrecadado para a formatura . (Reprodução/Vídeo)

Em sua página no Instagram, a comissão declarou que está "reestruturando todo o projeto e pensando em saídas para viabilizar a realização da festa" e que fará "uso das redes sociais para buscar parcerias que possam auxiliar a tirar esse sonho do papel".

Nos comentários dessa e de outra postagem sobre o assunto, pelo menos três fornecedores de serviços relacionados a festas comentaram que enviariam uma mensagem privada para a comissão, indicando possível parceria: uma empresa de doces, uma de fotografia e um celebrante de eventos.

Desvio bancou aluguéis de carro e casa

A estudante Alicia Dudy Muller Veiga admitiu, em depoimento à Polícia Civil, ter sacado o dinheiro da turma e relatou ter usado parte dele para pagar despesas pessoais como aluguéis de imóvel e de carro e um iPad.

A estudante reforçou aos policiais a versão dada a colegas de que teria investido parte do dinheiro em aplicações financeiras e tido prejuízo. Segundo a delegada Zuleika Gonzalez Araújo, do 16.º DP (Vila Clementino), a jovem foi indiciada por apropriação indébita, crime com pena máxima de quatro anos de reclusão e multa. Ela responderá em liberdade.

De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o dinheiro foi usado por Alicia para pagar, por exemplo, cinco parcelas de aluguel de um apartamento no valor de R$ 3,7 mil mensais e dez parcelas de locação de um carro, que saía a R$ 2 mil mensais. Somente essas duas despesas totalizam mais de R$ 38 mil.

O depoimento durou cerca de quatro horas, período em que Alicia contou aos policiais que, em um primeiro momento, teria sacado o dinheiro da empresa Às Formaturas — contratada pelos estudantes para organizar a arrecadação — por desconfiar da gestão que estava sendo feita pela companhia.

O primeiro saque, realizado ainda em 2021, foi no valor de R$ 604 mil. Com o dinheiro em mãos, Alicia pensou que poderia investi-lo, teve prejuízo e, no desespero de recuperar a quantia, passou a fazer apostas em casas lotéricas.

"Ela foi aplicando em ações e começou a obter prejuízo. Quando acumulou R$ 50 mil em prejuízo, no desespero, ela achou que apostando na loteria, ela poderia recuperar essa perda", disse a delegada. Alicia ainda não apresentou à polícia os comprovantes das aplicações.

Alicia é investigada em outro inquérito desde julho de 2022 por estelionato e lavagem de dinheiro após ter dado um suposto golpe em uma lotérica da zona sul de São Paulo. De acordo com a Polícia Civil, a estudante teria gasto mais de R$ 400 mil em apostas no período, mas, na última data em que tentou fazer um jogo, não teria pago R$ 192 mil para a lotérica, o que fez o dono registrar a ocorrência.

A polícia investigará se a empresa Ás Formaturas teve alguma responsabilidade ou negligência no repasse do dinheiro, mas, como Alicia era presidente da comissão de formatura, ela, em tese, poderia responder pela turma na ação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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