Dois dias depois de anunciar que deixaria o governo de Jair Bolsonaro, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, desembarcou, na manhã deste sábado (20), nos Estados Unidos, onde deve assumir o cargo de diretor-executivo do Banco Mundial. A informação foi confirmada pela assessoria do Ministério da Educação. Ele chegou a se apresentar como ministro ao desembarcar em Miami, e sua exoneração do cargo foi publicada no Diário Oficial da União no mesmo dia.
De acordo com a assessoria de imprensa do MEC, Weintraub viajou ainda na sexta-feira (19) e já se encontra em Miami. A pasta disse que viagem foi feita por meio de avião comercial e em classe econômica. Informou ainda que, apesar das restrições impostas pelos EUA aos brasileiros por causa da pandemia da Covid-19, Weintraub não foi impedido de entrar e que "comprou a passagem com dinheiro dele".
Apesar de ter anunciado a saída do Ministério da Educação, Weintraub continuava como ministro até a manhã deste sábado e acessou o país estrangeiro se apresentando como chefe da pasta no Brasil. Como ministro de Estado, Weintraub tinha direito a passaporte diplomático.
Ele deixou o país no mesmo dia em que o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) protocolou no STF (Supremo Tribunal Federal) um pedido de apreensão do passaporte de Weintraub para evitar que ele saísse do país.
Alvo do inquérito das fake news, que tramita no Supremo, Weintraub também é investigado no tribunal por racismo, por ter publicado um comentário sobre a China.
Integrantes do Judiciário já diziam, nos bastidores, acreditar que Weintraub poderia ser preso, o que vinha preocupando o ministro.
Em mensagem publicada no Twitter neste sábado, a localização de Weintraub aparece em Miami. "As coisas aconteceram muito rapidamente", escreveu o ministro em resposta a um seguidor.
O irmão do ministro, Arthur Weintraub (assessor especial da Presidência), também fez publicação nas redes sociais em que afirma que Abraham está fora do país.
"Obrigado a todos pelas orações e apoio. Meu irmão está nos EUA", escreveu o irmão.
Weintraub tem dito que ele e a família sofrem ameaças. "Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias)", escreveu o ministro nesta sexta-feira.
Bolsonaro demitiu Weintraub após desgaste com o STF. Weintraub defendeu a prisão dos ministros da corte em reunião ministerial de 22 de abril e depois reafirmou o posicionamento em encontro com manifestantes favoráveis ao governo.
Ao anunciar a saída do MEC, ao lado de Bolsonaro, Weintraub disse que sairia do país para assumir uma posição no Banco Mundial.
Na sexta (19), o Banco Mundial informou ao Estadão/Broadcast, por meio de nota, que recebeu a indicação do governo brasileiro para que Abraham Weintraub passe a integrar os quadros da instituição. O banco disse ter recebido uma comunicação oficial das autoridades brasileiras indicando Abraham Weintraub para diretor-executivo, representando o Brasil e demais países do seu grupo (constituency) no Conselho de Diretores-Executivos do Grupo Banco Mundial.
O tempo de seu mandato, no entanto, não passaria de três meses. "Se eleito pelo seu constituency, ele cumprirá o restante do atual mandato, que termina em 31 de outubro de 2020", diz a instituição, ressaltando que, daqui a quatro meses, "será necessária uma nova nomeação e nova eleição."
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