> >
Após ganhar espaço, Centrão pressiona para recriar Ministério do Planejamento

Após ganhar espaço, Centrão pressiona para recriar Ministério do Planejamento

Mesmo após serem contemplados com o ministério mais prestigioso da Esplanada, a Casa Civil, partidos que compõem o chamado Centrão querem mais

Publicado em 23 de julho de 2021 às 21:15

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Presidente Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro, que era do Centrão quando deputado, deu lugar de destaque aos partidos do "toma lá, dá cá" no governo. (Marcos Correa/PR)
JULIA CHAIB, DANIEL CARVALHO E RICARDO DELLA COLETTA

Mesmo após serem contemplados com o ministério mais prestigioso da Esplanada, a Casa Civil, partidos que compõem o chamado Centrão continuam pressionando o governo para recriar o Ministério do Planejamento, cujas funções estão hoje dentro da Economia e envolvem o controle do Orçamento federal.

A aposta nesse grupo de siglas é que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cederá e desmembrará pela segunda vez a pasta de Paulo Guedes.

A primeira divisão no superministério ocorrerá na semana que vem, com a publicação de medida provisória que criará o Ministério do Trabalho e da Previdência, a ser comandado por Onyx Lorenzoni, hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

A mudança faz parte de uma minirreforma ministerial anunciada pelo presidente.

Dentro desse pacote está prevista a ida do senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente da sigla, para a Casa Civil no lugar de Luiz Eduardo Ramos, que passará para a Secretaria-Geral.

Apesar da indicação de um dos principais representantes do centrão, a ideia de caciques desse conjunto de legendas é ter também mais controle sobre o Orçamento, daí o desejo de levar a pasta do Planejamento.

Além disso, há o intuito de políticos de diminuir o poder de Guedes, que já foi considerado um superministro.

No atual governo, antigos ministérios foram rebaixados para o status de secretarias incorporadas pela Economia, como Planejamento, Trabalho e Indústria. Ao todo, a superpasta reúne oito secretarias especiais.

A avaliação de parlamentares é que Guedes acumulou muitas pastas, tem pouco traquejo político e por isso não consegue destravar reformas e botar de pé projetos importantes para o governo, como a reformulação do Bolsa Família.

A repaginação do programa social é uma prioridade não apenas para Bolsonaro, mas para os partidos que pretendem apoiar a campanha dele à reeleição em 2022.

A recuperação da economia e o lançamento de uma iniciativa fortemente popular são as principais apostas para impulsionar a candidatura do presidente.

O centrão é composto por legendas como PP, PL, Republicanos, Avante e Solidariedade que somam cerca de 200 deputados e hoje garantem a sustentação de Bolsonaro no Congresso.

Integrantes desses partidos dão como certa a recriação do Ministério do Planejamento, mas não esperam que isso ocorra para já.

A expectativa é que, uma vez acomodado na Casa Civil, Ciro Nogueira articule junto a Bolsonaro uma data adequada para a recriação da pasta e também atue para minimizar o descontentamento de Guedes com a perda de poder.

Segundo líderes do centrão, o presidente só não recriou até hoje o Planejamento por lealdade a Guedes, que teria expressado descontentamento com essa possibildade.

Nesta quinta-feira (22), Guedes foi questionado sobre se a saída do Trabalho e da Previdência representaria um esvaziamento de sua pasta.

Ele afirmou que a mudança representa uma troca por necessidade política que não afeta o direcionamento da política econômica do governo, blindada até agora por Bolsonaro, segundo ele.

"Qualquer pedido que pudesse desviar o nosso programa, o presidente sempre me deu apoio total. Houve pedido para recriar Ministério do Planejamento, da Indústria, do Trabalho. E o presidente nunca cedeu", afirmou Guedes.

A pressão pelo desmembramento da Economia intensificou-se no ano passado, com críticas tanto do centrão como de integrantes do próprio governo à linha liberal de Guedes, rígida com o ajuste fiscal.

No desmembramento que será consolidado na semana que vem, além de herdar as funções da secretaria especial de Previdência e Trabalho, o novo ministério deverá abrigar tarefas da secretaria especial de Produtividade, cujo titular é Carlos da Costa, e responsabilidades da secretaria especial de Fazenda, liderada por Bruno Funchal.

Instância máxima de gestão e administração do FGTS, o conselho curador do fundo deve ficar sob tutela da nova pasta de Onyx. Hoje, o grupo é presidido por um representante da secretaria de Funchal.

No desenho ministerial em discussão, a Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), a secretaria de políticas públicas de emprego e a Dataprev, que estavam espalhadas em outros departamentos da pasta de Guedes, também passam ao comando de Onyx.

O novo ministério abrigará áreas que hoje são de responsabilidade de Bruno Bianco, secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. Isso inclui a gestão de registros sindicais, divulgação de dados do mercado de trabalho formal, as informações sobre o RGPS (regime de previdência do trabalhador do setor privado) e o RPPS (do servidor público).

O Orçamento da nova pasta depende do formato final. Mas, considerando somente os gastos com Previdência Social, a verba chega perto de R$ 800 bilhões.

Guedes afirmou nesta quinta-feira que Onyx pretende lançar já um novo programa trabalhista e ressaltou que concorda com o plano do colega. No entanto, a medida em estudo não agrada a todos dentro do atual Ministério da Economia.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais