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Após promessa de campanha, Doria veta Delegacia da Mulher aberta 24 horas

Após promessa de campanha, Doria veta Delegacia da Mulher aberta 24 horas

Governador paulista diz que ainda vai ajustar projeto para ampliar atendimento a vítimas de violência

Publicado em 15 de janeiro de 2019 às 15:08

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O prefeito de São Paulo, João Doria Jr. . (Werther Santana|Estadão)

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vetou no fim de semana um projeto de lei que obrigava todas as Delegacias da Mulher do estado a funcionarem 24 horas por dia. A ampliação do atendimento a vítimas de violência doméstica foi uma das promessas feitas pelo tucano durante sua campanha.

Ao justificar o veto, Doria alegou que a medida era inconstitucional, pois não caberia ao Legislativo propor mudanças administrativas em órgãos do estado, como o funcionamento de uma delegacia. Nas redes sociais, ele afirmou que ainda pretende ampliar o projeto, negando que o veto possa ser interpretado como o descumprimento de uma promessa.

Apesar disso, a medida está sendo utilizada pela oposição para criticar o início de governo do tucano. Deputados petistas prometem trabalhar para derrubar o veto ao projeto quando a nova legislatura assumir, em março. A coligação de Doria elegeu 27 dos 94 parlamentares.

Ao contrário de anos anteriores, o PSDB não terá maioria absoluta na Alesp e terá que negociar projetos de seu interesse com o PSL, que elegeu 15 deputados, e outros partidos do chamado "centrão" na assembleia.

De autoria da deputada Beth Sahão (PT), o texto que obriga a ampliação de atendimento nas delegacias foi aprovado pelos deputados estaduais paulistas em dezembro.

Na justificativa, a parlamentar lembra que, hoje, as delegacias só funcionam em horário comercial e que, caso precisem relatar um caso de violência à noite ou no fim de semana, mulheres são orientadas a procurar a delegacia de plantão, que muitas vezes não conta com profissionais femininas ou agentes especializados em crimes de gênero.

"O governador falta com a palavra empenhada durante a campanha. Ele prometeu, por diversas ocasiões, que colocaria as delegacias da mulher para funcionar 24 horas por dia e também nos feriados e fins de semana. Não vejo justificativa plausível para recusar esse projeto, que contempla justamente aquilo que ele prometeu durante a campanha", afirma a autora do projeto.

Ao longo da campanha, Doria se comprometeu com uma medidas para aumentar a proteção às mulheres: além de colocar 40 Delegacias da Mulher para funcionar 24 horas, propôs a criação de um aplicativo de celular em que vítimas de algum tipo de violência acionariam um botão de pânico capaz de avisar a viatura mais próxima da ocorrência.

"A verdade é que uma deputada petista escreveu um projeto de lei de forma inconstitucional, como muito que esse partido tentou introduzir no Brasil! Vetamos para ajustá-lo, aprová-lo e ampliá-lo. As mulheres serão protegidas na nossa gestão", escreveu Doria em seu Twitter.

No veto publicado no Diário Oficial. o governador argumenta que a organização de horários e pessoal para trabalhar em uma repartição pública, como a delegacia, é de responsabilidade do Executivo e não pode ser disciplinado pela Alesp.

A Secretaria de Segurança Pública informou que, atualmente, é inviável aumentar o número de servidores para que as Delegacias da Mulher funcionem ininterruptamente e que antes de fazer a mudança é necessário analisar dados populacionais e estatísticas de criminalidade.

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Ainda de acordo com a pasta, todos os policiais civis são treinados para atender vítimas de violência doméstica e de crimes sexuais e que, muitas vezes, a delegacia de plantão é mais próxima da casa da vítima do que a unidade especializada.

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