Depois de cem dias de pandemia, 34.021 mortes provocadas pelo novo coronavírus e três nomes diferentes no comando do Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) inaugurou nesta sexta-feira (5) o primeiro hospital de campanha do governo federal.
Sem máscara, Bolsonaro desceu do helicóptero, escorregou no barro, levou um tombo e participou de uma rápida cerimônia, 55 dias após ter visitado o canteiro de obras.
O serviço começou em 7 de abril e, no dia 23 do mesmo mês, a estrutura foi entregue. Por questões burocráticas, segundo o governo de Goiás, somente no fim da semana passada a gestão do hospital foi repassada ao estado.
"Do fundo do coração, a gente torce para que pouca gente venha para cá, que é sinal de que não precisa de atendimento", disse Bolsonaro, numa fala que reuniu menções a tacógrafos, taxímetros, radares de velocidade, bombas de gasolina, isenção de imposto para importação de armas e críticas a quem pretende se manifestar contra seu governo.
O presidente não fez nenhuma referência ao novo recorde diário de mortes por coronavírus no Brasil. De acordo com dados divulgados na noite de quinta (4) pelo Ministério da Saúde, em 24 horas o país registrou 1.473 óbitos por Covid-19.
"A gente espera que esta questão do vírus se atenue rapidamente de modo que o comércio volte a funcionar", disse Bolsonaro.
Ao ultrapassar a marca de 34 mil mortes, o Brasil superou a Itália, país que simbolizou primeiro a tragédia da pandemia no Ocidente, e tornou-se o terceiro no ranking de óbitos resultantes da doença no mundo. Neste momento, apenas os Estados Unidos, com 108 mil mortes, e o Reino Unido, com quase 40 mil, estão à frente.
Foram 30.925 novos casos confirmados de coronavírus nas últimas 24 horas. Ao todo, o saldo do país é de 34.021 mortes e 614.941 casos até agora. Há outras 4.159 mortes em investigação.
O numero pode ser maior, sobretudo de casos, já que o país é um dos que tem os menores índices de testagem do mundo, limitando os exames no sistema público a casos graves e profissionais da saúde e da segurança.
Dos 200 leitos da unidade, apenas 10 são de UTI, embora o governo de Goiás afirme que os outros 190 também podem ser convertidos em leitos de Unidade de Terapia Intensiva.
Quando Bolsonaro visitou as obras do hospital, em 11 de abril, estava acompanhado de Luiz Henrique Mandetta, então ministro da Saúde, substituído por Nelson Teich, que já deixou o cargo, agora sob comando do general Eduardo Pazuello.
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