Em cerimônia de promoção de generais-oficiais, nesta quinta-feira (08) o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) utilizou a expressão "meu Exército" ao conjunto das forças militares terrestres do país. A citação tem sido interpretada como uma tentativa do presidente de utilizar politicamente as Forças Armadas, o que abriu uma crise na semana passada com o alto comando das instituições.
"Agradeço ao meu Exército brasileiro, o qual ainda integro, ao nosso Exército brasileiro, por este momento. Temos certeza que venceremos os desafios e cada vez mais colocaremos o Brasil no local de destaque que ele bem merece", declarou Bolsonaro, que tem patente capitão do Exército, Força que deixou antes de se tornar político.
A insatisfação de Bolsonaro com a antiga cúpula militar culminou com a troca do ministro da Defesa e dos comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica, mudança inédita em tão pouco tempo.
As substituições no comando do Ministério da Defesa aconteceram após incômodo de Bolsonaro com o general Fernando Azevedo e Silva, então titular da pasta. O chefe do Poder Executivo queria um apoio político mais explícito das Forças Armadas ao seu governo, algo que Azevedo e o ex-comandante do Exército Edson Pujol se negaram a fazer.
Pujol também foi demitido semana passada. Hoje, oito ministros de Bolsonaro têm formação militar. Integrantes das Forças Armadas também administram estatais importantes como a Petrobras, os Correios e a usina de Itaipu.
Bolsonaro fez uma ressalva, durante o evento de hoje, de que a atuação dos militares deve seguir o que orienta a Constituição Federal. "O nosso Exército, tradição, o nosso Exército de respeito, de orgulho, bem como reconhecido por toda nossa população, representa para o nosso Brasil uma estabilidade. Nós atuamos dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Devemos e sempre agiremos assim. Por outro lado, não podemos admitir quem por ventura queira sair deste balizamento".
O presidente também afirmou que as Forças Armadas devem seguir o que deseja a maioria da população. "Os momentos são difíceis. Vivemos uma fase um tanto quanto imprecisa, mas temos a certeza pelo nosso compromisso, pela nossa tradição, sempre teremos como lema a nossa bandeira verde e amarela; e a nossa perfeita sintonia com os desejos da nossa população. Assim agiremos."
No lugar de Azevedo, Bolsonaro escalou o então ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, para comandar a Defesa. No Exército, o presidente escolheu o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira como novo comandante.
Apesar de não ser o primeiro na lista de antiguidade do Exército, critério que tradicionalmente era usado para definir o comandante, pesou a favor de Paulo Sérgio o fato de ele ter um perfil apaziguador, hábil no trato com subordinados e um estilo "um manda, outro obedece", como definiu certa vez o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde que teve a gestão marcada somente pelo cumprimento de ordens do presidente.
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