> >
AstraZeneca: entenda efeito colateral raro da vacina contra Covid-19

AstraZeneca: entenda efeito colateral raro da vacina contra Covid-19

Ministério da Saúde faz alerta contra conteúdos enganosos sobre imunizante e, em nota, reforça que adversidade relatada é "muito rara"

Publicado em 8 de maio de 2024 às 11:33

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura

A circulação de informações sobre a retirada da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca, após a farmacêutica reportar um efeito colateral muito raro, levou o Ministério da Saúde a divulgar um comunicado para reforçar a segurança do imunizante e explicar sobre essas possíveis adversidades (veja abaixo).

A AstraZeneca afirmou, em documentos judiciais, que a vacina pode causar a síndrome de trombose com trombocitopenia (STT), segundo dados divulgados pelo jornal britânico The Telegraph e confirmados pela Folha.

Com isso, de acordo com a pasta da Saúde, "grupos e páginas antivacina começaram a espalhar conteúdos enganosos sobre o ocorrido e gerar desconfiança na população em relação às vacinas".

E o ministério reforça: "A ciência, a partir de fatos comprovados, garante: as vacinas contra Covid-19 são seguras e efetivas na prevenção de formas graves da doença, reduzindo significativamente o risco de hospitalizações, complicações e mortes em decorrência da infecção pelo vírus SARS-CoV-2".

Vacina Astrazeneca
Vacina da Astrazeneca contra Covid: Ministério da Saúde confirma segurança do imunzante em comunicado. (Carlos Alberto Silva)

Confira o que diz o Ministério da Saúde sobre a vacina:

Efeitos adversos raros

  • Após o uso em massa da vacina da AstraZeneca, um evento adverso muito raro, o que significa menos de 1 caso para cada 10 mil doses administradas, chamado Síndrome de Trombose com Trombocitopenia (STT), envolvendo casos incomuns de coagulação sanguínea associados a baixas contagens de plaquetas, foi identificado como sinal de segurança pela farmacovigilância de vacinas.

  • O fato ocorreu em 2021, quando a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) concluiu que casos de coágulos sanguíneos que surgiram em vacinados pela AstraZeneca deveriam ser listados como efeitos colaterais “muito raros”.

  • Em 2023, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que produz a vacina AstraZeneca no Brasil, esclareceu que efeitos adversos como a STT são extremamente raros e possivelmente associados a fatores pré-disponentes (fatores de risco) individuais.

  • O Ministério da Saúde destaca que a trombose, diferentemente da STT, é um evento comum na população. Casos de trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar ocorrem todos os anos na população geral, independentemente de qualquer vacina. Esses casos estão relacionados a outras causas ou fatores de risco como: neoplasia, obesidade, tabagismo, imobilidade prolongada (viagens longas, cirurgias, etc.).

Casos trombóticos sem vacinação

  • É muito importante entender que os eventos trombóticos e tromboembólicos associados à infecção SARS-CoV-2, observados nos pacientes com Covid-19, são muito maiores quando comparados aos eventos supostamente atribuíveis à vacinação ou imunização (ESAVI).

  • Isso significa que o risco de tromboembolismo venoso é duas a seis vezes maior em pacientes que pegaram Covid-19 do que em pessoas sem a infecção. E isso não tem nada a ver com a vacinação contra a doença.

Segurança da vacina da AstraZeneca

  • A Organização Mundial da Saúde (OMS), além das principais agências reguladoras, como FDA nos Estados Unidos, EMA no Reino Unido, e Anvisa no Brasil, atestam a segurança da vacina Covid-19 ChAdOx-1 da AstraZeneca.

  • Após autorização de uma vacina, as autoridades de saúde realizam a farmacovigilância (segurança de medicamento) para detectar, avaliar, compreender, comunicar e prevenir qualquer problema relacionado à vacinação. Isso permite a identificação de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI) raros e inesperados, e a implementação de medidas adequadas para mitigar riscos.

  • Os benefícios da vacinação comparados aos possíveis riscos são ainda maiores em pessoas de faixa etária mais avançada, pois o risco de desfechos graves da doença por Covid-19 aumenta com a idade. Dessa forma, em países com transmissão contínua e massiva de SARS-CoV-2, como é o caso do Brasil até hoje, o benefício da imunização como prevenção da doença supera, e muito, os riscos.

  • É importante destacar que, no início da vacinação contra a Covid-19 em 2021, havia uma disponibilidade limitada de vacinas em todo o mundo. Naquele momento, o país teve acesso apenas a duas vacinas contra a doença (Coronavac e Astrazeneca), disponibilizadas para os primeiros grupos prioritários (idosos, profissionais de saúde, pessoas com comorbidades, entre outros), sendo que as demais vacinas (Jansen e Pfizer) foram sendo adquiridas e distribuídas depois, ao longo do tempo.

Monitoramento e segurança

  • Desde o alerta emitido pela OMS sobre os efeitos raros, em fevereiro de 2021, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) intensificou o monitoramento da segurança da vacinação contra a Covid-19, tendo sido publicada Nota Técnica com orientações para investigação e manejo da STT no contexto da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, bem como a conduta frente à ocorrência destes eventos.

  • Após o início da vacinação e a queda progressiva e intensa de hospitalizações e mortes pela doença, o uso das vacinas de vetor viral, como a AstraZeneca, foi limitada para os grupos com melhor perfil de segurança em dezembro de 2022, conforme Nota Técnica n.º 393/2022.

  • Desde então, o Ministério da Saúde deixou de adquirir e distribuir vacinas de vetor viral, dando preferência para a aquisição de vacinas de outras plataformas, conforme a disponibilidade das produtoras e recomendações da Câmera Técnica Assessora de Imunizações (CTAI).

  • Mesmo assim, o Ministério da Saúde reforça a garantia de que os efeitos adversos da vacina AstraZeneca são extremamente raros. Segundo a Anvisa, as reações mais comuns do imunizante são sensibilidade, dor, sensação de calor, coceira ou hematomas, cansaço, calafrios, dor de cabeça, enjoo, dores musculares e nas articulações, diarreia, e sintomas semelhantes aos de um resfriado, como dor de garganta, coriza e tosse.

Combate à desinformação

  • As vacinas contra Covid-19 são alvo frequente de desinformação. Por isso, é preciso atenção. Os criadores de fake news muitas vezes usam acontecimentos verdadeiros, mas distorcem ou omitem informações para convencer as pessoas a não se vacinar. Cheque os conteúdos antes de repassá-los a outras pessoas, verifique as fontes e desconfie de textos muito sensacionalistas e cheios de adjetivos.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais