Alvo da operação desta quarta-feira (27) no chamado inquérito das fake news do Supremo Tribunal Federal (STF), a ativista Sara Winter xingou com palavrões o ministro Alexandre de Moraes, ao reagir à ação da Polícia Federal que apreendeu seu celular e seu computador.
Moraes incluiu Sara, que lidera o acampamento criado em Brasília para formar militantes bolsonaristas, entre os alvos dos mandados. A ativista, cujo verdadeiro nome é Sara Fernanda Giromini, fundou o Femen Brasil, grupo famoso por protestar de topless, e depois se converteu ao conservadorismo.
"Juro por Deus, essa era minha vontade. Eu queria trocar soco com esse filho da puta desse arrombado. Infelizmente, não posso", disse Sara sobre Moraes em vídeo nas redes sociais, afirmando que não será calada pela investigação conduzida pelo ministro.
"Pena que ele [ministro] mora em São Paulo. Se ele estivesse aqui, eu estava lá na porta da casa dele, convidando ele para trocar soco comigo", afirmou.
Na postagem, a ativista fala ainda que Moraes nunca mais encontrará paz na vida, depois de ter tomado o que ela classificou como "a pior decisão da vida" do magistrado.
"Você me aguarde, Alexandre de Moraes. O senhor nunca mais vai ter paz na vida do senhor. A gente vai infernizar a tua vida."
A bolsonarista completa: "A gente vai descobrir os lugares que o senhor frequenta. A gente vai descobrir quem são as empregadas domésticas que trabalham para o senhor. A gente vai descobrir tudo da sua vida, até o senhor pedir para sair".
Pela manhã, logo após ser alvo da operação, ela já havia criticado a medida. "A Polícia Federal acaba de sair da minha casa. Bateram aqui às 6h da manhã, a mando do Alexandre de Moraes. Levaram meu celular e notebook. Estou praticamente incomunicável! Moraes, seu covarde, você não vai me calar!", escreveu.
"Meus advogados já chegaram, vamos pra cima! O Brasil não será uma ditadura. Hoje, Alexandre de Moraes comprovou que está a serviço de uma ditadura do Judiciário", afirmou.
O acampamento chamado Os 300 do Brasil, do qual Sara Winter é líder, tem participantes armados, como a própria coordenadora afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Ela disse, contudo, que as armas são apenas para autodefesa. O porte de armas em manifestações é proibido pela Constituição.
Um dos objetivos do grupo é treinar militantes dispostos a defender o governo Bolsonaro. A ativista também teve breve passagem pelo Ministério dos Direitos Humanos, cuja titular é Damares Alves.
O grupo passou a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, no âmbito do inquérito instaurado no fim de abril para apurar as recentes manifestações antidemocráticas. A apuração foi autorizada também pelo ministro Alexandre de Moraes.
A organização liderada por Sara refuta o suposto caráter violento do movimento e rejeita o rótulo de milícia armada. Os integrantes têm feito acampamentos em Brasília. São mais de 700 membros em diversas partes do Brasil, de acordo com o comando do grupo.
Outros investigados no inquérito do STF também se voltaram contra Alexandre de Moraes, com xingamentos e ameaças ao magistrado, depois que receberam os agentes da PF nesta quarta.
Foram alvos de mandados de busca e apreensão militantes, blogueiros, youtubers, políticos bolsonaristas e assessores. A maior parte tem forte atuação nas redes sociais e publica críticas a ministros do STF e integrantes de outras instituições.
O inquérito também mira possíveis financiadores dessas atividades. Segundo investigadores, esse é considerado um dos pontos-chave do funcionamento dessa rede.
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