Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar que contraiu o novo coronavírus, políticos e autoridades desejaram pronta recuperação ao chefe do Executivo. Ex-aliados e opositores, contudo, ressaltam que a doença é uma oportunidade para Bolsonaro refletir sobre a gravidade da pandemia.
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que torce pela recuperação e pediu que ele reveja seu posicionamento sobre a prevenção. Desde o início da crise mundial do coronavírus, Bolsonaro tem dado declarações nas quais busca minimizar os impactos da pandemia.
"Torcemos pela recuperação e que ele reflita sobre prevenção", afirmou, completando: "Mais uma confirmação de que a doença está com circulação extremamente ativa", disse o ex-ministro à GloboNews.
Outro ex-aliado de governo do presidente, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro também se solidarizou.
"Sobre a informação de que o presidente testou positivo para Covid-19, só cabe desejar a ele plena recuperação", afirmou Moro pelas redes sociais.
O presidente confirmou nesta terça-feira (7) que contraiu o novo coronavírus. De máscara, ele fez o anúncio em entrevista a emissores de TV no Palácio da Alvorada.
Bolsonaro decidiu realizar o teste na segunda (6) após sentir sintomas leves: febre baixa e tosse. Ele tem 65 anos, idade dentro do grupo de risco à doença. "Estou perfeitamente bem", afirmou.
Adversário, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aproveitou para instigar o presidente. "Que ele siga as orientações da medicina e, em breve, esteja restabelecido."
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse esperar que o presidente não se paute por bravatas e siga as recomendações da ciência no tratamento da doença.
"Espero que ele não utilize para cuidar da saúde nenhuma das bravatas que ele utilizou neste período. Se seguir a recomendação da ciência, com certeza vai se recuperar em poucos dias. A melhor forma de recuperar a saúde é não usar ideologia e política, mas o bom senso e a ciência", afirmou.
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), afirmou que, independentemente da questão partidária, deseja pronto restabelecimento ao presidente. "[Espero] que ele não passe pelo que milhares de brasileiros passaram nos últimos meses."
No Congresso, Bolsonaro recebeu apoio de aliados e opositores.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou esperar que ele rapidamente retome as atividades. "É importante que a gente tenha o presidente organizando o governo, organizando a pauta, dialogando com os outros Poderes e com a sociedade", afirmou, em videoconferência com investidores.
Para Maia, o debate sobre a negação do vírus "já está superado". "Então nós vamos ter que conviver com o vírus enquanto a vacina não estiver pronta para ser utilizada. Enquanto isso, mais do que a gente ficar confrontando posições, é a gente tentar sentar numa mesa e ver o que nos une", disse.
Ele afirmou que vai fazer um exame para saber se contraiu a doença. Maia esteve com Bolsonaro na semana passada.
A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do governo no Congresso e agora adversária, criticou o presidente e pediu que ele aja com responsabilidade.
"Bolsonaro descuidou de sua saúde, boicotou o uso de máscara e o isolamento social. Foi irresponsável com ele e com os outros. Está com o coronavírus e certamente contaminou muitos outros. Agora o mínimo que tem que fazer é ficar isolado até que se cure. Seja responsável, presidente", disse.
Líder do PSOL na Câmara, a deputada Fernanda Melchionna (RS) afirmou que o presidente, mesmo após o resultado positivo para o novo coronavírus, insiste no "discurso genocida" de que coronavírus é como outra doença qualquer.
"Insiste em propagar remédio que não tem evidência científica comprovada e diz que o aumento da morte de pessoas em casa é porque 'o pânico também mata'", escreveu, em uma rede social.
Já o deputado federal Enio Verri (PR), líder do PT na Câmara, ressaltou que, desde o início da pandemia, o presidente "minimizou e desdenhou de um mal que já matou mais 65 mil brasileiros, cuja maioria não teve as condições de proteção do presidente, que estimulou a circulação das pessoas, consequentemente, a do vírus".
O líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP) aproveitou a confirmação do presidente da República de que está com Covid-19 para criticar o veto de Bolsonaro ao uso de máscaras em alguns locais públicos, como igrejas e comércio.
"Bolsonaro promoveu aglomerações. Vetou a obrigatoriedade das máscaras. Minimizou os efeitos da Covid-19 diante de mais de 65 mil mortos. Hoje, após anúncio de seu teste positivo, tirou a máscara e expôs os jornalistas. De tão aliado do coronavírus, Bolsonaro e ele viraram um só", disse.
Apesar da crítica, o senador de oposição desejou melhoras à saúde do presidente.
"Mas, assim como para os milhares de brasileiros infectados, desejamos o restabelecimento da saúde de Bolsonaro."
A líder do Cidadania, senadora Eliziane Gama (MA), disse que espera que o presidente aproveite este momento para refletir sobre seus posicionamentos em relação à doença. Ela desejou que ele se recupere rapidamente.
"O diagnóstico do presidente da República revela a importância do isolamento e do uso de máscara, prevenção que ele sempre se recusou a fazer", afirmou.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que também já contraiu coronavírus, não se manifestou. Além de Alcolumbre, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), Nelsinho Trad (PSD-MS) e o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), já foram contaminados pela doença.
"Esta doença é perigosa e traiçoeira, e já levou a vida de milhões de brasileiros. Fui vítima da Covid, e em instantes, o quadro pode se tornar muito grave! Solidariedade", escreveu o líder do PT em uma rede social.
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