Deputados estaduais que integram a bancada bolsonarista na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) vão tentar impedir a votação em que se decidirá sobre a implantação de uma CPI para investigar a conduta da operadora de saúde Prevent Senior durante a pandemia de Covid-19.
A votação está marcada para a tarde desta quarta-feira (6). Para a comissão ser aprovada, é necessário o apoio de aos menos 48 dos 94 parlamentares.
O projeto de resolução que cria a CPI foi protocolado no dia 27 de setembro. Agora, ele será apreciado pelos parlamentares em plenário.
A deputada Janaina Paschoal (PSL) afirmou que irá pedir verificação de votos e usar outros recursos previstos em regimento para barrar a deliberação.
Deputada estadual mais votada da história, Janaina mantém relação ambígua com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), alternando críticas e elogios. Nos últimos tempos, contudo, a defesa do governo federal tem prevalecido.
Segundo Janaina, a estratégia de obstrução da CPI na Alesp conta com apoio de deputados do PSL, PRTB e PTB. "Talvez outros partidos venham conosco, estamos conversando", disse.
A parlamentar afirma conhecer vários clientes da Prevent Senior que estão satisfeitos com o atendimento prestado nas unidades e não acha justo "olhar para trás com a mentalidade de hoje para julgar as ações desenvolvidas no início de uma pandemia em um momento em que ninguém sabia como enfrentar essa doença".
Os deputados Douglas Garcia (PTB) e Valéria Bolsonaro (PRTB) confirmaram que se juntarão ao pedido de obstrução.
Garcia tem se pronunciado com frequência sobre o assunto nas redes sociais. "Estamos articulando e conversando com os deputados para que votem não à instalação da CPI da Prevent Senior na Alesp", escreveu em sua página em uma rede social.
O protocolo para a instalação da CPI da Prevent Senior recebeu o apoio de 40 parlamentares. O apoio mínimo para a tramitação do projeto era 32.
Antes de ir à votação no plenário, o projeto de resolução que cria a CPI foi publicado no Diário Oficial do estado e aprovado por PSDB, PT e PTB no colégio de líderes dos partidos em sessão nesta segunda-feira (4).
O presidente da Alesp, deputado Carlão Pignatari (PSDB), defende a urgência da CPI, que deverá pedir documentos das investigações feitas pela comissão formada na Câmara dos Deputados em Brasília.
Na última sexta-feira (1º), funcionários da Prevent Senior organizaram uma manifestação a favor da empresa. O ato partiu da sede administrativa da operadora, na unidade Paraíso, e seguiu até o Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera, próximo da Alesp.
Mas a ofensiva contra a operadora tem sido bem mais intensa que as ações em sua defesa. Além da CPI da Covid no Senado e do projeto de investigação parlamentar que tramita no Legislativo paulista, pesa contra a Prevent uma CPI na Câmara Municipal de São Paulo, aprovada na quinta-feira (30).
Há, ainda, uma frente de apurações conduzidas pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Nesta terça-feira (5), a Folha de S.Paulo revelou que 7 dos 13 hospitais da operadora de saúde funcionam na capital paulista sem licença obrigatória emitida pela prefeitura.
Além disso, uma das unidades, Alto da Mooca, mantém o pronto-socorro aberto desde 2012 sem alvará emitido pela Vigilância Sanitária.
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