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Bolsonaro acerta ao equiparar economia e saúde, diz governador de RR

Bolsonaro acerta ao equiparar economia e saúde, diz governador de RR

Cada vez mais sozinho na turma dos governadores que seguem ao lado do presidente, o governador de Roraima não vê motivo para abandonar o capitão reformado

Publicado em 2 de abril de 2020 às 12:06

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Presidente Jair Bolsonaro e o  governador do estado de Roraima, Antonio Denarium
Presidente Jair Bolsonaro e o governador do estado de Roraima, Antonio Denarium. (Reprodução/ Instagram @antoniodenariumrr)

Escudeiro de primeira hora de Jair Bolsonaro (sem partido), o governador de Roraima, Antonio Denarium, defende o presidente das críticas de que tem sido alvo por seus discursos nos quais relativiza a importância do isolamento social no combate ao coronavírus.

Para o pecuarista, que recentemente deixou o PSL para acompanhar Bolsonaro no partido que tenta fundar, a Aliança pelo Brasil, o presidente acerta ao equilibrar em discursos a preocupação com as consequências para a saúde pública e com o impacto econômico. "É uma conta que tem que fechar dos dois lados, produção e saúde", diz.

Cada vez mais sozinho na turma dos governadores que seguem ao lado do presidente, ele não vê motivo para abandonar o capitão reformado. "Vejo nele um homem honesto e trabalhador, sem denúncias de corrupção."

Roraima, com cerca de 600 mil habitantes, tem liberado aos poucos o comércio. Até o momento há 16 casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus no estado.

"Tenho que aliar desenvolvimento econômico e a preservação da vida da população."

O sr. é um dos poucos governadores que seguem como apoiadores de Jair Bolsonaro. O que tem achado da postura dele na crise do coronavírus?

  • Antonio Denarium - O presidente tem uma personalidade muito forte. Ele é autêntico com o raciocínio dele, fala o que pensa. A postura dele tem mudado, assim como o comportamento e o entendimento quanto à orientação médica da OMS.

Entendo o ponto de vista dele, muito preocupado com a crise econômica e com a vida das pessoas. Muitas vezes a fome mata mais gente que o coronavírus. Ele está preocupado com o colapso financeiro e de precisar muitos anos para recuperação. Continuo ao lado do presidente e fazendo a minha parte em Roraima.

Somos o único estado que vai antecipar a primeira parcela do 13° salário. Agora a arrecadação do estado caiu 50% com a crise. Se a gente não arrecadar, em maio ou junho já não vou mais pagar em dia.

Como está funcionando o comércio em Roraima?

  • AD - Liberamos apenas as atividades essenciais, como posto de gasolina e supermercado. Estão funcionando em esquema de drive-thru e delivery. Restaurantes que estão funcionando não têm salão, só pode marmitex. É uma reabertura parcial. E atividades como cabeleireiro, academia, lojas de roupas, que demandam contato físico, não foram liberadas.

O sistema de saúde de Roraima está preparado para um aumento de demanda, caso necessário?

  • AD - No nosso hospital geral, temos 40 leitos de UTI. Já contratamos um hospital particular com mais 70, 80 leitos, sendo 50 deles de UTI. Contratamos mais 40 leitos de retaguarda, de maternidade, para mulheres. Fizemos um acordo com o Exército e criamos com eles a área de proteção e cuidados, para atender brasileiros e estrangeiros.

Está sendo construída a estrutura do hospital de campanha, que terá até 1.200 leitos, sendo 80 de UTI. E estamos colocando no estádio Canarinho 80 leitos de retaguarda.

Como o sr. vê essa troca de farpas entre o presidente e os governadores?

  • AD - Não é saudável para o Brasil, em um momento de crise, ter conflitos políticos. Agora é hora da união, de esquecer problema político e ideologias políticas e se juntar para um objetivo só: restabelecer a saúde da população.

Quando acabar isso aí a gente pensa em eleição. A briga política não vai melhorar a vida da população. O que tenho conversado com os governadores é a harmonia.

O sr. acha que a briga tem relação com eleições?

  • AD - Vamos dizer que é por causa de ideologia política. Tem um grupo que trabalha pela saúde, outro pela economia, outro que olha os dois. E tem outro que quer ver o circo pegar fogo.

Qual quer ver o circo pegar fogo?

  • AD - Prefiro não comentar.

O grupo de governadores que apoiava o presidente já foi maior. João Doria (PSDB-SP), Wilson Witzel (PSC-RJ) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) romperam com ele. Por que o sr. continua como um dos que seguem Bolsonaro e defendem as diretrizes dele no combate ao coronavírus?

  • AD - Porque vejo nele um homem honesto, trabalhador, está combatendo as mazelas que aconteceram no Brasil durante anos. Não teve nenhuma denúncia de corrupção até hoje. Estarei com ele até o fim.

Também em Roraima estou mudando a forma de trabalhar. Estamos aquecendo a economia, pagando as contas em dia. Estou construindo estradas, pontes, construindo hospitais e presídios novos, recuperando estradas vicinais, retomando obras paradas.

O presidente Bolsonaro está acabando com os entraves. A reforma da Previdência, por exemplo, nenhum dos últimos presidentes havia conseguido. Bolsonaro conseguiu. Temos que fazer a reforma administrativa e outra tributária agora. Temos que pensar em trabalhar, produzir, e, claro, proteger a vida das pessoas.

Aqueles no grupo de risco, com doenças preexistentes, não vão trabalhar. Isolamento social total. Nas escolas, com aulas suspensas, não vão estudar. Com isso, vamos diminuir significativamente a quantidade de contaminados.

Estamos comprando 25 mil testes rápidos para coronavírus. Se com eles eu conseguir identificar as pessoas contaminadas, já vou isolar logo. Tenho que aliar desenvolvimento econômico e a preservação da vida da população.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, passa orientações de interrupção de atividades e isolamento social. O presidente estimula o retorno das pessoas às ruas. Essa diferença de posturas não confunde na hora de decidir medidas?

  • AD - No mundo inteiro, os presidentes de Itália, Espanha e EUA, quando a crise estava chegando, nenhum acreditou que teria a proporção que teve. Aquilo que passou ficou para trás. Quero ver o comportamento do presidente agora para a frente. As pessoas são seres vivos, têm capacidade de discernimento.

A cada momento a pessoa vai mudando de comportamento e de atitude. De repente, hoje, o presidente já vê diferente a situação da crise em relação à semana passada. Tenho certeza de que já está vendo de maneira diferente, e ele está certo de olhar a parte econômica e a parte de saúde. É por isso que está estimulando as pessoas fora dos grupos de risco a produzirem.

Eu, que estou pagando contas em dia, daqui a 60 ou 90 dias já não vou ter dinheiro para a folha de pagamentos. Não vou ter dinheiro para comprar medicamentos e insumo para hospitais. Aí as pessoas vão começar a morrer de diabetes, pressão alta, pancreatite, problema cardíaco, porque estarei falido.

Temos que aliar produção e saúde. E se o Brasil não faz o plantio da safra agora? Como vai ter alimento para a população? Vai faltar arroz, feijão? Vai morrer de fome? É uma conta que tem que fechar dos dois lados, produção e saúde, tem que achar o meio-termo.

O sr. tem uma estimativa do impacto econômico da crise para o estado?

  • AD - A arrecadação deve perder cerca de R$ 50 milhões por mês. Se ficar assim por 90 dias eu não vou conseguir pagar a folha. Temos que manter o mínimo da atividade comercial. Com segurança. Sem dinheiro não se faz nada.

Existe uma grande preocupação de contaminação das comunidades indígenas. O que o governo tem feito para protegê-las?

  • AD - Já foi proibida pela Funai a entrada de pessoas brancas, digamos assim, nas comunidades indígenas. O governo do estado está fazendo barreira sanitária nas principais entradas para as comunidades. Temos orientado também para que não venham para a cidade. Há 275 escolas indígenas nas comunidades, e as aulas estão suspensas.

Se houver algum tipo de contaminação em uma comunidade indígena, vamos entrar imediatamente, isolar o local e colocar o hospital de campanha lá para que não precisem vir para a cidade.

Há uma comunidade volumosa de venezuelanos em Roraima. O que o governo do estado tem feito para envolvê-los na campanha de combate ao vírus?

  • AD - Há aproximadamente 100 mil venezuelanos vivendo em Roraima. Cerca de 7.000 deles ficam em 13 abrigos que temos para refugiados. Hoje está proibida a entrada e a saída dos abrigos.

Todos os venezuelanos que apresentam sintoma de gripe saem para o isolamento para saber se é gripe ou se é coronavírus, e só voltam para lá depois do resultado.

RAIO-X

Antonio Denarium, 56

Pecuarista, nascido em Anápolis (GO), foi eleito em 2018 em segundo turno para o governo de Roraima – o primeiro cargo público que ocupa. Hoje sem partido, deixou o PSL e aguarda criação da Aliança pelo Brasil.

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