O presidente Jair Bolsonaro acusou nesta quinta-feira (21) o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), de manipular as investigações do caso Marielle Franco e disse que a sua vida "virou um inferno" desde a eleição do seu ex-aliado.
"Esse é o trabalho, em parte, desse governador que tem obsessão de ser presidente da República. Dizem alguns que no seu gabinete ele usa a faixa presidencial", afirmou Bolsonaro, durante a cerimônia de lançamento da Aliança pelo Brasil, partido que ele pretende criar após o racha com o PSL.
"Acabaram as eleições e ele botou na cabeça que quer ser presidente. Direito dele e de qualquer um de vocês. Mas ele também botou na cabeça destruir a reputação da família Bolsonaro. A minha vida virou um inferno depois da eleição do senhor Wilson Witzel, lamentavelmente", acrescentou o presidente, que disse ainda que o governador do Rio tem usado a Polícia Civil do estado para atingir esse objetivo. Bolsonaro se referiu à investigação sobre o assassinato da vereadora do PSOL, em março de 2018.
O presidente foi citado na apuração do caso por um porteiro do condomínio no Rio de Janeiro onde ele tem casa. Num depoimento dado à Polícia Civil, o funcionário havia atribuído a Bolsonaro a autorização para a entrada no condomínio Vivendas da Barra de um dos acusados no crime. Em nova oitiva, desta vez à Polícia Federal, o porteiro recuou e disse que errou ao mencionar o presidente na autorização.
Nesta quinta, durante evento da Aliança pelo Brasil, Bolsonaro repetiu um relato da sua conversa com Witzel sobre as investigações. Ele disse que encontrou o governador em 9 de outubro e que, na ocasião, foi informado pelo governador de que "o processo foi ao Supremo".
"Perguntei: 'Como você sabe disso se o processo corre em segredo de Justiça?'", afirmou Bolsonaro, para em seguida dizer que Witzel está manipulando a investigação.
"Já sabia das intenções [do Witzel], do que ele vinha fazendo. Ele vinha manipulando esse processo. Parece que não interessa à esquerda chegar aos mandantes do crime, mas usar esse crime bárbaro, que todos nós repudiamos, para atingir a reputação de pessoas outras."
De fato a menção ao nome de Bolsonaro foi comunicada ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas, segundo a Procuradoria-Geral da República, o caso foi arquivado.
O governador do Rio nega ter vazado qualquer tipo de informação e disse que nem sequer teve acesso às investigações do caso Marielle.
Nesta quinta, o presidente comentou a citação do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), seu filho, em depoimentos sobre o assassinato de Marielle. ?Bolsonaro tem duas casas dentro do condomínio Vivendas da Barra. Além do imóvel onde ele morava com a família, em outro reside Carlos.
Na Câmara Municipal, Carlos se envolveu em uma ríspida discussão em 2017 com um assessor de Marielle. Na ocasião, a vereadora chegou a intervir para acalmar o filho de Bolsonaro. O assessor envolvido no episódio já prestou depoimento durante a investigação sobre a morte de Marielle.
A polícia do Rio, porém, intensificou nas últimas semanas a busca por testemunhas para entender melhor as circunstâncias do bate-boca, que já era de conhecimento dos investigadores e havia sido mencionado por Carlos anteriormente.
Sobre esse assunto, Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que agora "tentam envolver o Carlos" nas investigações. "Parte de alguns no Brasil quer jogar pra cima de mim a possibilidade de eu ser um dos mandantes do crime da Marielle", acrescentou.
Ao dizer que a hipótese não é verdadeira, Bolsonaro disse que ele seria um "imbecil" se recebesse um dos responsáveis pelo crime em sua casa. O presidente reafirmou ainda lamentar o assassinato da vereadora. ?
Em um último ataque a Witzel, o presidente disse que governador deveria ter gratidão, porque ele não teria sido eleito sem a ajuda de Carlos e de seu outro filho, o senador Flávio Bolsonaro.
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