Ricardo Della Coletta e Matheus Teixeira
BRASÍLIA, DF - Recluso no Palácio da Alvorada desde que perdeu a eleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) delegou ao vice Hamilton Mourão a tarefa de receber nesta quarta-feira (16) cartas credenciais de embaixadores estrangeiros que irão atuar no Brasil.
No início do governo, o mandatário fez cerimônias abertas para receber os diplomatas de outros países. Depois, passou a fazer solenidades fechadas e, agora, nem sequer deve participar do ato que marca oficialmente o início da missão dos embaixadores no Brasil.
Está marcada para esta quarta-feira o recebimento das cartas dos embaixadores do México, Laura Beatriz Valdés; da Dinamarca, Eva Bisgaard Pedersen; da Finlândia, Johanna Karanko; de Myanmar, Aung Kyaw Zan; do Nepal, Nirmal Kafle; e da Argentina, Daniel Scioli.
Este último, por exemplo, é um político argentino de destaque e aliado de Alberto Fernández, presidente do país vizinho que é alinhado internacionalmente ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ele esteve, por exemplo, no encontro que Fernández teve com o petista em São Paulo um dia após a eleição deste ano.
Scioli já foi embaixador no Brasil, mas havia deixado o cargo para assumir na Argentina o Ministério do Desenvolvimento Produtivo. No entanto, ele ficou poucos meses à frente da pasta e foi nomeado novamente para representar o governo argentino no Brasil.
Bolsonaro, por sua vez, tem preferido evitar contatos locais e internacionais desde que perdeu o pleito, no fim de outubro. Mais de duas semanas após a derrota, o presidente foi apenas duas vezes ao Palácio do Planalto.
A primeira foi no dia seguinte à eleição, quando teve encontro com Paulo Guedes (Economia) e outros ministros.
Em 3 de novembro, teve uma passagem relâmpago pelo Planalto: foi cumprimentar o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), que estava no local para a primeira reunião da transição com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Na ocasião, segundo relatos obtidos pela Folha de S.Paulo, pediu a Alckmin que ele "livrasse o Brasil do comunismo".
Também fez apenas dois pronunciamentos depois da vitória de Lula. Ele comentou movimentos antidemocráticos de seus apoiadores em frente a quarteis generais e repreendeu o bloqueio de rodovias, mas disse que as mobilizações são fruto de "indignação" e "sentimento de injustiça".
Pouco depois, divulgou um vídeo para pedir que seus apoiadores desbloqueassem vias obstruídas em diversos estados.
Afastado de Twitter e Instagram desde que perdeu a disputa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL) tem postado diariamente em Telegram e TikTok.
O primeiro tem sido utilizado para publicações detalhadas a respeito de programas mais específicos do governo federal. Nesta terça-feira (15), por exemplo, compartilhou material a respeito de novo curso de qualificação profissional lançado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
O perfil de Bolsonaro no TikTok tem exaltado supostos feitos do governo federal de maneira mais genérica, como "água para o Nordeste" e "casa própria", e tem mostrado imagens de arquivo do presidente com apoiadores em eventos.
Os perfis de Bolsonaro em Twitter e Instagram são mais antigos e são administrados pelo seu círculo mais íntimo, especialmente Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Recentemente, o perfil do presidente no Instagram deixou de seguir o da primeira-dama Michelle Bolsonaro, que então disse que não é Bolsonaro que administra a página.
O Twitter era a rede social em que Bolsonaro tinha comportamento mais informal e agressivo, na qual respondia a seguidores de maneira mais descontraída e atacava adversários.
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