BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PL) subiu o tom nesta quinta-feira (25) contra o ministro Alexandre de Moraes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o candidato à reeleição pediu explicações sobre a operação da Polícia Federal (PF) contra empresários acusados de defender um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença nas urnas em outubro. A ação foi autorizada por Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF).
"A gente espera aí que o digníssimo Alexandre de Moraes apresente a fundamentação dessa operação o mais rápido possível, porque agora eu estou vendo que a escalada contra a liberdade, aquilo que eu sempre tenho falado, tem se avolumado em cima destes empresários", declarou o chefe do Executivo. Bolsonaro disse que, dos oito empresários que foram alvos de busca e apreensão, troca informações no WhatsApp com dois.
Foi a segunda vez que o presidente tocou no assunto desde que a operação foi autorizada por Moraes nesta terça-feira (23). "Eu quero entender o que está acontecendo, que ninguém sabe", disse. "No meu entender, não falta mais nada para que, realmente, possamos ter um problema grave no Brasil provocado por uma pessoa", emendou, em referência ao ministro.
Bolsonaro chamou os empresários de pessoas humildes e simples. "Não mereciam esse tipo de comportamento por parte de uma pessoa que deveria zelar pelo cumprimento pela Constituição", disse o presidente. Mais cedo, o chefe do Executivo evitou aplaudir Moraes durante a cerimônia de posse da nova direção do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Os mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários que apoiam Bolsonaro ocorreram um dia após o chefe do Executivo dizer, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, que o conflito com Moraes estaria "superado". Integrante do STF, Moraes foi quem autorizou a operação.
"Não podemos viver nessa insegurança. Ou temos uma Constituição ou não temos. Ou se cumpre a Constituição ou não se cumpre", disse hoje o presidente. Bolsonaro também afirmou que os empresários com quem se encontrou nesta semana em São Paulo, em almoço do grupo Esfera Brasil, estão preocupados.
"Estive há dois dias em São Paulo conversando com empresários. Aqueles com quem eu conversei demonstraram preocupação com o que está acontecendo, que pode isso chegar também na sua vida pessoal", relatou.
Os alvos da operação foram os empresários Luciano Hang, da Havan, José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan, Ivan Wrobel, da Construtora W3, José Koury, do Barra World Shopping, André Tissot, do Grupo Serra, Meyer Nigri, da Tecnisa, Marco Aurélio Raimundo, da Mormaii, e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu. Em mensagens num grupo de WhatsApp, reveladas pelo site Metrópoles, eles defenderam um golpe, caso Lula vença Bolsonaro em outubro.
Quarta-feira (24), durante encontro com lideranças religiosas na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), em sua campanha pela reeleição, o presidente comentou pela primeira vez de forma pública a ação da PF. "Cadê aquela turminha da carta pela democracia?", ironizou.
Nesta quinta (25), Bolsonaro também reagiu no Twitter à decisão do TSE, presidido por Moraes, de permitir que mesários retenham celulares dos eleitores no momento do voto para garantir o sigilo. "Respeitar a democracia é muito diferente de assinar uma 'cartinha'", criticou.
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