O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não descarta nos próximos dias pegar um "metrô lotado em São Paulo" ou uma "barca no Rio de Janeiro", na travessia até Niterói, como demonstração de que ele está "ao lado do seu povo". "É um risco que um chefe de Estado deve correr, tenho muito orgulho disso", disse o presidente em entrevista no Palácio do Planalto ao lado de outros ministros. Todos chegaram de máscaras.
A resposta de Bolsonaro foi a justificativa dele para ter ido aos atos de domingo, 15, quando ainda não havia realizado o segundo teste para saber se estava com coronavírus. Até agora, 17 pessoas que o acompanharam na comitiva nos Estados Unidos foram diagnosticados com a doença.
"Eu vejo jornalistas na frente de batalha. Eu como chefe do Executivo preciso estar junto com meu povo. Não se surpreenda se você me vir no metrô lotado em São Paulo, numa barcaça no Rio é uma demonstração de que estou com o povo. É um risco que um chefe de Estado deve correr, tenho muito orgulho disso", disse Bolsonaro. Só no metrô de São Paulo passam, em média, 7,8 milhões de pessoas por dia.
As manifestações foram convocadas por aliados de Bolsonaro em defesa do governo e contra o Congresso. Na ocasião, segundo levantamento do Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o presidente teve algum tipo de contato com 272 pessoas. A equipe médica de Bolsonaro e o próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, chegaram a orientá-lo a não participar.
O contato com uma pessoa infectada é uma das formas de transmissão do coronavírus. O presidente foi criticado por infectologistas e até por aliados por expor os manifestantes ao risco de contaminação pela covid-19 (caso esteja com o vírus incubado).
"A partir do momento em que não estou infectado, não estou colocando em risco a vida daquela pessoa", disse Bolsonaro. "Não descumpro orientação do ministro da Saúde, nossa autoridade máxima neste caso. Eu dou o exemplo", declarou o presidente da República.
Perguntado sobre o uso de máscaras pelos ministros em coletiva de imprensa, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que a cadeia de comando precisa ser protegida. Ele lembrou que os titulares das pastas tiveram contato com o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), diagnosticado com a doença, nos últimos dias. Ele classificou Heleno como um elemento de "coesão" no governo.
Mandetta destacou que as autoridades decidiram fazer exame em Bolsonaro após o retorno dos Estados Unidos. Ele voltou a dizer que viu praias lotadas no último domingo, mesmo dia da manifestação, e que as pessoas irão observando o avanço dos casos ao longo do tempo. O chefe da pasta pontuou que "não existe uma receita de bolo" e que o Brasil é um continente.
Jair Bolsonaro classificou o panelaço convocado para esta quarta-feira, 18, contra o governo como um movimento "espontâneo" e uma "expressão da democracia". Em coletiva de imprensa, o chefe do Planalto pontuou que também haverá na noite de hoje, às 21h, um panelaço a favor do governo.
"Qualquer movimento por parte da população, eu encaro como expressão da democracia", afirmou Bolsonaro quando questionado sobre os protestos. "Nós, políticos, devemos entender como uma pura manifestação da democracia", declarou o chefe do Executivo, pedindo isenção da mídia na cobertura dos dois panelaços.
Após ter classificado como uma "histeria" as reações ao avanço do novo coronavírus no País, o presidente afirmou que tudo que fez foi voltado à levar tranquilidade para o povo brasileiro.
"É grave, é preocupante, mas não chega ao campo da histeria e da comoção social. E é desta forma que nós encararemos essa situação."
O presidente da República agradeceu aos presidentes dos Poderes e declarou que todos estão "no mesmo barco" para buscar soluções.
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