BRASÍLIA, DF - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou nesta sexta-feira (20) a decisão do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de fechar as divisas do Estado.
Falando a jornalistas na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro reclamou ainda do que chamou de medidas extremas que têm sido tomadas também por outros governadores que determinam o fechamento de comércios para evitar a circulação de pessoas.
Nesta quinta (19), Witzel baixou um decreto determinando que, a partir da meia-noite de sábado (21), a circulação de transporte interestadual de passageiros com origem em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Distrito Federal estará suspensa.
O documento também breca a operação aeroviária de passageiros internacionais ou nacionais com origem nesses mesmos estados -como a ponte aérea Rio-São Paulo, por exemplo-, mas não afetará operações de carga aérea.
"Tem certos governadores que estão tomando medidas extremas, que não compete a eles, (como) fechar aeroporto, fechar rodovias. Não compete a eles fechar shopping, etc, a feira feira dos nordestinos no Rio de Janeiro, que está para fechar." Bolsonaro disse que ficou "preocupado" com o decreto de Witzel.
"Parece que o Rio de Janeiro é um outro país, não é um outro país. Isso aqui é uma federação. Temos que tomar medidas equilibradas, porque cada vez mais leva o pânico para a companhia aérea. O pessoal mais pobre daqui a pouco vai ter problema de saque", afirmou.
Na avaliação do presidente, o fechamento de comércios pode gerar a falta de oferta de alimentos.
"O comércio para e o pessoal não tem o que comer. O vírus, em alguns casos, mata. O vírus mata, sim", disse o presidente. Para ele, muitas mortes vão ocorrer pela falta de comida em decorrência da crise.
"Vão querer jogar a responsabilidade em cima de mim. A economia está parando. Estão tomando medidas exageradas." Não tem nada de disputa política, fazer grupo para lá e para cá, me acusar de tudo o que acontece. O que cabe a mim aí estou fazendo com meus ministros. Agora estão falando de impeachment. Impeachment pra que?", continuou.
As medidas estão sendo tomadas pelos governadores para evitar a circulação de pessoas e a transmissão do vírus.
Uma das preocupações é a de que o excesso de casos leve a um colapso do sistema de saúde. Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o Brasil deverá ter o pico de casos de coronavírus entre maio e junho.
O presidente reconheceu que é preciso se preparar para uma situação é "complicada", mas voltou a dizer que isso deve ser feito sem pânico.
"Me falaram que junho deve ser o mês mais crítico para nós. Eu acho que até lá, com fé em Deus, vamos ter um remédio, uma vacina para isso."
O presidente diz ser contra o fechamento de comércios; no entanto reconhece que o ideal é que as pessoas fiquem em casa.
"O negócio é complexo. Nós temos de fazer uma carga pesada em cima do povo para conscientização. Quem não precisar sair de casa que não saia. Esta tem que ser a mais importante orientação ao povo brasileiro. Mas não temos como impedir o direito de ir e vir. Tem que conscientizar o povo de agir dessa maneira", disse.
Segundo Bolsonaro, o presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), almirante Barros, está em contato com as agências de saúde americanas sobre o uso de hidroxicloroquina, empregada no tratamento de artrite, contra o coronavírus.
"No primeiro momento, em laboratório deu certo essa questão. Outros países, como a Índia, têm avançado. Está sendo feito contato com esses países para a gente buscar o remédio ou a vacina ou ambos", disse.
A Anvisa divulgou na noite desta quinta (19) uma nota técnica na qual não recomenda o uso do remédio para tratar casos confirmados de Covid-19.
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