O governo Jair Bolsonaro (sem partido) deve nomear para o cargo de diretor de revitalização da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) Davidson Tolentino de Almeida.
A Codevasf tem como meta de atuação o desenvolvimento de projetos para as regiões ribeirinhas dos rios São Francisco e Parnaíba e de seus afluentes, nos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Distrito Federal, Goiás, Sergipe, Piauí e Maranhão.
Davidson é próximo do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que é presidente do partido, e substituirá um indicado do PP que já estava no cargo. A manutenção da influência do PP sobre a estatal ajuda Bolsonaro a manter uma boa relação com o partido do centrão, grupo do qual se aproximou para oferecer cargos e receber apoio político.
Em 2015, José Expedito, ex-assessor de Ciro Nogueira, disse à Polícia Federal, no âmbito das investigações da Lava Jato, que ele e Davidson recolhiam dinheiro de origem desconhecida e estocavam em um quarto de hotel em São Paulo, como mostrou reportagem do Jornal Nacional. Ele também disse ter recolhido R$ 100 mil do apartamento de Davidson entre 2013 e 2015.
Esse dinheiro, segundo ele, tinha como destino o deputado federal Eduardo da Fonte (PP) e seu amigo, o advogado Marcos Meira.
Em nota enviada à coluna Painel, da Folha de S.Paulo, Meira diz que "as declarações de José Expedito Rodrigues são inverídicas, que não é investigado e, passados cinco anos, jamais foi chamado a prestar esclarecimentos sobre os fatos por ele narrados ou quaisquer outros relacionados a qualquer outra investigação, durante toda a sua vida profissional".
A revista Crusoé revelou em reportagem que Davidson, à frente da diretoria de logística do Ministério da Saúde em 2016, insinuou um pedido de propina a empresários do ramo. Ele falou em "alinhamento financeiro" para que eles recebessem as faturas que estavam em aberto na pasta.
Davidson é investigado no âmbito de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal em 2019. Ele, o ex-ministro da Saúde Ricardo Barros e outros funcionários da pasta são acusados de improbidade administrativa, prejuízo ao patrimônio público e favorecimento de empresas em licitações.
Eles são acusados do pagamento de quase R$ 20 milhões à empresa Global Gestão em Saúde para comprar remédios entregues com atraso. Essa demora teria resultado na morte de 14 pessoas que precisavam dos medicamentos. A denúncia diz que a empresa foi contratada sem licitação e não tinha autorização para importar os medicamentos necessários.
Em 2018, o então presidente Michel Temer (MDB) cancelou a indicação de Davidson para o cargo de diretor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) após forte pressão de entidades contrárias a ela. Elas argumentavam que, além de não ter expertise para o posto, ele estava envolvido no esquema de corrupção apontado pelo Jornal Nacional.
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