O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (24) que está "tudo certo" para sua filiação do PL de Valdemar Costa Neto. Esta é a primeira vez que o mandatário confirma sua ida para o partido, antes disso só havia dito que estava "99% fechado" .
Na terça-feira (23), o partido divulgou nota afirmando que a ida do mandatário estava acertada e marcou uma nova data para cerimônia de assinatura da ficha: 30 de novembro, próxima terça-feira.
"Deu certo, deu certo. Tá tudo certo", disse o presidente, questionado por jornalistas se teria dado certo a filiação do PL.
A declaração foi dada pelo chefe do Executivo ao deixar a pé o Palácio do Planalto em direção à Câmara dos Deputados, onde recebeu medalha do Mérito Legislativo, pela manhã.
Ao deixar o Congresso, depois, reafirmou, recorrendo à metáfora que mais usa a respeito de partidos: "Tudo certo para ser um casamento [com o PL] que seremos felizes para sempre".
Bolsonaro disse ainda não saber se o evento de filiação poderá ser às 10h30, na próxima terça-feira, conforme o PL divulgou, por causa do "expediente" dele. "Acertamos São Paulo, alguns estados do Nordeste. No macro, foi tudo conversado com Valdemar, sem problema", afirmou.
O presidente elogiou ainda o dirigente do centrão, que disse ser conhecido por "honrar a palavra". "E da minha parte também [honra a palavra]".
A nova data foi marcada após semanas de idas e vindas. Bolsonaro havia dito que estava "99% fechado" com o partido de Valdemar.
A primeira data do "casamento" havia sido marcada pelo PL para a última terça-feira, 22 de novembro, mas acabou sendo adiada. O cancelamento ocorreu devido a entraves em alianças regionais, em especial em São Paulo.
Nos últimos meses, Bolsonaro vinha sendo disputado pelo PL e pelo PP, os dois partidos que compõem sua base de apoio no Congresso e que ocupam cadeiras no Palácio do Planalto (na Secretaria de Governo e na Casa Civil).
Ele chegou a estar mais próximo do PP de Ciro Nogueira, partido ao qual já foi filiado, mas venceu a tese de aliados que acreditavam que o PL teria risco maior de debandada na eleição de 2022, caso não estivesse com o presidente filiado.
Valdemar, que já foi aliado do PT, condenado e preso no mensalão, adotou uma postura pragmática e fez de tudo pela filiação do presidente.
O cálculo visa aumentar a bancada de deputados e senadores no Congresso em 2023, independentemente de quem ganhe a eleição para o Planalto. A ideia é saltar dos atuais 43 deputados para pelo menos 65.
O cenário entre Bolsonaro e o PL melhorou na semana passada, depois que Valdemar organizou uma carta branca dos diretórios estaduais para que ele pudesse negociar a situação de cada estado conforme achasse melhor para viabilizar a entrada de Bolsonaro.
O maior empecilho para a filiação do mandatário era o palanque paulista, onde o PL havia prometido apoiar o vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.
O cenário era tão incerto que auxiliares palacianos defendiam que Bolsonaro aguardasse a realização das prévias nacionais dos tucanos para definir, depois, a chapa em São Paulo e o partido que se filiará.
Valdemar aguarda as prévias tucanas para ter uma conversa definitiva com Garcia, mas já indicou que pode romper o acordo para agradar a Bolsonaro. O presidente insiste em lançar Tarcísio de Freitas para o governo, mas o próprio ministro resiste a essa possibilidade e prefere se lançar ao Senado.
Garcia foi lançado como candidato no último domingo, em convenção estadual do PSDB. Mas, segundo interlocutores, enquanto não houver resolução das prévias nacionais do partido, nada está certo.
O vice-governador está empenhado em garantir a vitória do governador de São Paulo, João Doria, na disputa interna do partido.
Auxiliares palacianos veem Garcia como um bom nome, contanto que esteja distante do PSDB e de Doria. Mas a possibilidade de que o vice-governador romper com a atual gestão é considerada baixa.
O presidente caminhou do Planalto para o Congresso nesta manhã para receber a homenagem na Câmara, o que ocorreu sob aplausos e protestos dos parlamentares e homenageados no plenário da Casa.
Enquanto o mandatário recebia a medalha do presidente da Câmara e aliado, Arthur Lira (PP-AL), foi possível ouvir gritos de "genocida" e "mito". A bancada do PT chegou a levar cartazes com os dizeres "medalha da cloroquina", "medalha da rachadinha" e "medalha da miséria".
A segunda secretária da Câmara, deputada Marília Arraes (PT-PE), fez um discurso em defesa da democracia e com indiretas para Bolsonaro.
Chegou a citá-lo uma vez, atribuindo-o a um estudo do Instituto para a Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA), que identifica, segundo a parlamentar, a erosão da democracia no mundo.
"O poder Executivo, eleito de maneira majoritária, também deveria se comportar como representante do povo. Mas, muitas vezes, este pretenso povo age antidemocraticamente, quando animado por um espírito sectário, taxando como inimigos e excluindo os divergentes da entidade unitária e mítica da qual julgam fazer parte aqueles que não se encontram dentro de seu cercadinho mental", disse a deputada.
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