O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reconheceu nesta terça-feira (28) que a situação do Enem está "complicada" e cogitou a possibilidade de que os erros no exame tenham sido provocados por uma sabotagem, mesmo sem apontar qualquer evidência.
"Está complicado, eu tenho conversado com ele [ministro do MEC, Abraham Weintraub] para ver o que está acontecendo. Se realmente foi uma falha nossa, se tem uma falha humana, sabotagem, seja lá o que for, temos que chegar no final de linha e apurar isso ai. Não pode acontecer isso. E nós sabemos que tudo está na mesa. Eu não quero me precipitar e dizer o que deve ter acontecido com Enem", disse ao chegar ao Palácio da Alvorada.
Esta foi a primeira vez que Bolsonaro falou sobre os problemas do Enem.
Na semana passada, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, informou que notas do Enem foram divulgadas com erros. O motivo, segundo ele, foi uma falha na gráfica que passou a imprimir a prova no ano passado.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) liberou na sexta-feira (17) os resultados individuais da última edição do exame. À noite, participantes começaram a relatar nas redes sociais estranhamento com as notas.
Em decorrência desses problemas e de uma decisão judicial suspendendo a divulgação dos resultados do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), o MEC informou na segunda-feira (27) que vai suspender por tempo indeterminado a abertura das inscrições do Prouni, programa que oferta bolsas a estudantes em instituições privadas do ensino superior.
A educação é um tema caro ao seu governo já que ele fazia uma série de críticas a edições anteriores do exame. Bolsonaro inicialmente havia comemorado a primeira edição da prova antes que os erros nas notas fossem descobertos.
O presidente desembarcou em Brasília na manhã desta terça depois de uma viagem de quatro dias à Índia, onde participou como convidado do Dia da República.
Depois de mencionar espontaneamente a possibilidade de que tenha havido uma sabotagem, o presidente foi questionado por jornalistas se há uma linha de apuração nesse sentido.
"Eu acho que todas as cartas estão na mesa. Não quer dizer que é isso, que vai [vou] querer se eximir talvez de uma responsabilidade que seja nossa. Não sou dessa linha, não. Eu quero é realmente apurar e chegar no final da linha para falar com propriedade. Se for nossa, assume. Se for do outro, comprova-se o que que houve", respondeu.
Ele disse não saber quais são as linhas de apuração das falhas do Enem porque estava "totalmente" dedicado à viagem à Índia nos últimos dias.
O presidente foi ainda questionado sobre a situação de Weintraub. "Por enquanto continua [no Ministério da Educação]. Sempre eu falo por enquanto para todo mundo. O único que não é por enquanto é o [vice-presidente] Mourão, o resto é tudo por enquanto", disse.
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