O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a botar em xeque a lisura nas eleições no Brasil e se negou, nesta segunda-feira (26), a afirmar que vai deixar o poder caso seja derrotado no pleito deste ano.
O mandatário disse que os mesmos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que tornaram o ex-presidente Lula (PT) elegível são responsáveis pela condução das eleições e afirmou que eles atuam para prejudicá-lo.
Bolsonaro participou de sabatina das eleições do Jornal da Record, que durou 40 minutos. O presidente foi o primeiro presidenciável a participar do programa. Também estão previstas as participações de Ciro Gomes (PDT), na terça-feira (27), e de Simone Tebet (MDB), na quarta (28).
O líder nas pesquisas de intenção de voto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decidiu não comparecer, alegando compromissos de campanha e discordância com a ordem das sabatinas.
Jair Bolsonaro foi questionado diretamente pelo entrevistador, que afirmou ter entendido que, se ele não se sair vencedor do pleito, vai questionar o resultado. Nesse momento, respondeu que iria aguardar o resultado anunciado pelo TSE, mas voltou a repetir a sua percepção de que é o favorito por causa do clima que encontra em seus atos nas ruas.
"Olha, eu vou esperar o resultado [antes de decidir se vai reconhecer o resultado]. Nas ruas, eu nunca vi, eu tenho falado nos meus pronunciamentos, como falei em Campinas, que um candidato que tem 45% das intenções de votos sem poder sair às ruas, sem poder se dirigir ao público. E o que é a democracia? É a vontade popular. A gente não está vendo a vontade popular expressa nos institutos de pesquisa, em especial o Datafolha e muito menos dentro do TSE", afirmou
Ele também disse que é perseguido pelo TSE, que age "de forma parcial" no pleito. Ele fez referência a duas decisões: uma que o proibiu de realizar lives no Palácio da Alvorada e no Palácio do Planalto e outra que determinou a retirada de outdoors com palavras com seu slogan de campanha.
"Ou seja, o TSE o tempo todo fica aceitando qualquer ação de partidos, em especial do PT, para tentar atrapalhar minha campanha".
Bolsonaro entra na semana decisiva das eleições presidenciais atrás nas pesquisas e correndo o risco de ver as eleições definidas no primeiro turno. Levantamento do Datafolha divulgado na semana mostrou que Lula oscilou dois pontos para cima, atingiu 47% e abriu uma dianteira de 14 pontos sobre Bolsonaro, que manteve 33%.
Também nesta segunda-feira (26), pesquisa Ipec mostrou que Lula tem 52% dos votos válidos na corrida eleitoral contra 34% do atual presidente.
Em desvantagem na disputa, Bolsonaro passou nas últimas semanas a atacar Lula e o PT em seus comícios, em particular explorando o tema corrupção. O mandatário também insiste em falas voltadas para o público feminino, onde enfrenta a maior rejeição e também depois de se ver envolvido em polêmicas.
O presidente da República voltou novamente a carga contra o poder Judiciário e também questionou a transparência das eleições. Durante o fim de semana, chamou de "estapafúrdia" a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que veta lives de "cunho eleitoral" nos palácios da Alvorada e do Planalto.
Na sexta-feira (23), voltou a mencionar o ano de 1964, quando houve o golpe que implantou uma ditadura militar no país, e disse que só vai deixar o governo federal "bem lá na frente" e a partir de "eleições limpas".
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