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Bolsonaro e auxiliares usaram voo presidencial para levar joias aos EUA

Bolsonaro e auxiliares usaram voo presidencial para levar joias aos EUA

Joias, relógios e uma escultura teriam sido encaminhados para lojas especializadas em venda e em leilão de objetos de alto valor em três cidades norte-americanas

Publicado em 11 de agosto de 2023 às 12:59

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - As investigações da Polícia Federal identificaram que Jair Bolsonaro (PL) e auxiliares retiraram do país, no avião presidencial, pelo menos quatro conjuntos de bens recebidos pelo ex-presidente em viagens internacionais, na condição de chefe de Estado.

A viagem ocorreu em 30 de dezembro, véspera do último dia de mandato de Bolsonaro, para assim evitar seguir o rito democrático de passar a faixa a seu sucessor eleito, o hoje presidente Lula (PT).

"As diligências realizadas indicam que Jair Messias Bolsonaro e sua equipe utilizaram o avião presidencial, no dia 30/12/2022, para evadir do país os bens de alto valor desviados, levando-os para os Estados Unidos da América", diz trecho da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou as diligências.

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República. (Isac Nóbrega/Divulgação)

Na sequência, afirma ainda o documento, "os referidos bens teriam sido encaminhados para lojas especializadas em venda e em leilão de objetos e joias de alto valor, situadas nas cidades de Miami/FL, Nova Iorque/NY e Willow Grove/PA".

  • 1º conjunto: refere-se a um conjunto de itens masculinos da marca suíça Chopard contendo uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário árabe ("masbaha") e um relógio recebido pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, após viagem a Arábia Saudita, em outubro de 2021;
  • 2º conjunto: trata-se de um kit de joias, contendo um anel, abotoaduras, um rosário islâmico ("masbaha") e um relógio da marca Rolex, de ouro branco, entregue ao ex-presidente quando de sua visita oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019;
  • 3º conjunto: engloba uma escultura de um barco dourado, sem identificação de procedência até o presente momento, e uma escultura de uma palmeira dourada, entregue ao ex-presidente, na data de 16 de novembro de 2021, quando de sua participação oficial no Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, ocorrido na cidade de Manama, no Barém;
  • 4º item: um relógio da marca Patek Philippe, possivelmente recebido pelo ex-presidente, quando de sua visita oficial ao Reino do Bahrein em 16 de novembro de 2021.

A PF cumpre nesta sexta-feira (11) mandados de busca e apreensão que miram o entorno de Bolsonaro no caso de joias recebidas por ele enquanto presidente. Entre os alvos está o general da reserva do Exército Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

Além dele, as buscas da PF incluem Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro, e Osmar Crivelatti, tenente do Exército e que também atuou na ajudância de ordens da Presidência.

O nome da operação da PF desta sexta, "Lucas 12:2", é uma alusão ao versículo 12:2 que diz: "Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido".

Em nota, a PF afirmou que a ação tem o "objetivo de esclarecer a atuação de associação criminosa constituída para a prática dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro".

Quatro ordens de busca estão sendo cumpridas, em Brasília, São Paulo e Niterói (RJ).

As ações ocorrem dentro do inquérito policial das milícias digitais, em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal) sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

Os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do governo brasileiro para "desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior", afirmou a polícia.

De acordo com a apuração, os valores obtidos dessas vendas foram convertidos em dinheiro e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, sem utilização do sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores

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