JÚLIA BARBON, ITALO NOGUEIRA, LEONARDO VIECELI E BRUNA FANTTI
Em discurso na tarde desta quarta-feira (7) diante de milhares de apoiadores na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) acusou adversários de jogar fora das quatro linhas da Constituição e mais uma vez, para vaia geral dos presentes, disse que todos conhecem como funciona o STF (Supremo Tribunal Federal).
Bolsonaro manteve o tom eleitoral, com críticas ao ex-presidente Lula, e afirmou: "Eu não sou ladrão".
O presidente atacou a esquerda, dizendo que devem ser extirpados da vida pública e distorceu sua fala ao dizer que seu governo está há três anos e meio sem corrupção, deixando de lado, por exemplo, o escândalo do MEC que derrubou um ministro do governo e as suspeitas em torno da compra de vacinas e de obras da Codevasf (estatal federal).
Bolsonaro disse que o Brasil é referência para o mundo todo, apontou números positivos da economia e disse que o país está decolando sob a sua gestão.
Voltou a adotar um tom religioso, assim como fizera em Brasília mais cedo, dizendo-se cristão e contra o aborto e ao que chama de ideologia de gênero. Repetiu que o seu governo colocou fim às invasões do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
No Rio, o presidente falou em um palco acompanhado do governador Cláudio Castro (PL), do empresário Luciano Hang e dos deputados federais Clarissa Garotinho (União Brasil) e Daniel Silveira (PTB-RJ), que teve sua candidatura ao Senado impugnada nesta terça (6).
O candidato à vice-presidência, Walter Braga Netto, general da reserva e ex-ministro da Casa Civil, também estava ao seu lado, além do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. O pastor Silas Malafaia participou dos atos em um carro de som.
O presidente chegou à capital fluminense por volta das 14h. Primeiro foi ao Aterro do Flamengo (entre o centro e a zona sul da cidade), sendo recebido em um carro aberto aos gritos de "mito". Depois, seguiu em motociata até Copacabana.
Por ordem de Bolsonaro, as Forças Armadas mudaram o evento às pressas para o bairro, que normalmente é usado para atos a favor do presidente. Tradicionalmente, os desfiles de 7 de Setembro ocorrem na avenida Presidente Vargas, no centro da capital fluminense.
O feriado de 7 de Setembro deste ano marca os 200 anos da Independência do Brasil, mas foi usado por Bolsonaro como ato de campanha.
Pela manhã, diante de milhares de apoiadores na Esplanada dos Ministérios, o presidente discursou em tom de ameaça contra outros Poderes, com citação crítica ao STF e elogios a Michelle, que sorria ao seu lado.
Com tom machista, entoou os gritos de "imbrochável" e ensaiou fazer uma comparação com outras primeiras-damas, mas não citou diretamente a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, mulher de Lula, que também tem buscado votos femininos para o marido.
"A vontade do povo se fará presente no próximo dia 2 de outubro, vamos todos votar, vamos convencer aquelas pessoas que pensam diferente de nós, vamos convencê-los do que é melhor para o nosso Brasil. Podemos dar várias comparações, até entre as primeiras-damas. Ao meu lado, uma mulher de Deus e ativa na minha vida. Ao meu lado, não, muitas vezes ela está é na minha frente", discursou ele.
"Tenho falado com homens que estão solteiros: procure uma mulher, uma princesa, se casem com ela, para serem mais felizes ainda", acrescentou.
A fala em tom eleitoral e com pedido de votos ocorre no momento em que enfrenta dificuldade para impulsionar sua popularidade entre eleitoras. Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas, atrás do ex-presidente Lula (PT) nas simulações de primeiro e de segundo turno.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta