O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) escolheu um técnico para ocupar a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), cargo que está vago desde o início de novembro com a saída do general Maynard Marques de Santa Rosa. O escolhido foi Bruno Grossi, que atualmente é secretário-adjunto de Gestão Orçamentária do Ministério da Economia.
Grossi é do quadro técnico da Economia e estava atualmente na SOF (Secretaria de Orçamento Federal). Sua nomeação deve ser publicada em edição desta sexta-feira (3) do Diário Oficial da União.
A SAE é hoje vinculada à Secretaria-Geral, mas teve status de ministério em governos anteriores, como no da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Inicialmente, a Secretaria-Geral buscava um quadro do Itamaraty para ocupar o posto, mas acabou optando por um nome com conhecimento na área econômica.
A função da secretaria é planejar políticas e estratégias nacionais a longo prazo. Com a escolha de Grossi, a ideia da pasta é ter à frente da SAE um nome que possa ao mesmo tempo pensar em medidas com impacto imediato.
Assessores palacianos dizem que a Secretaria precisa ter uma liderança que possa entender a capacidade e limitação orçamentária do governo ao propor estudos e medidas.
Santa Rosa pediu demissão do cargo no início de novembro.
De acordo com pessoas próximas ao general, ele decidiu sair do governo por desentendimentos com o ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira. A demissão ocorreu depois de uma série de divergências sobre procedimentos da Secretaria-Geral.
A amigos o general se queixava de estar isolado e que o ministro não levava adiante seus projetos. À época, nem o general e nem o ministro quiseram comentar o assunto.
Santa Rosa chegou ao Palácio do Planalto pelas mãos do ex-chefe da pasta Gustavo Bebianno, demitido em fevereiro por Bolsonaro.
Ao fim de uma cerimônia na tarde desta segunda, no Planalto, Oliveira foi questionado por três vezes sobre a saída de Santa Rosa.
Capitão reformado do Exército, Bolsonaro conta atualmente com 8 militares entre os 22 ministros. O Palácio do Planalto, onde estão sediadas quatro pastas, chegou a ter três generais como titulares, além do vice-presidente, Hamilton Mourão.
Desde o início do ano, porém, dois generais foram demitidos de seus cargos como ministros: Carlos Alberto dos Santos Cruz, que deixou a Secretaria de Governo após longo desgaste com um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), e o general Floriano Peixoto, que foi retirado da Secretaria-Geral para presidir os Correios.
Levantamento feito pela Folha de S.Paulo mostrou que, em seus primeiros nove meses na Presidência, Bolsonaro ampliou em ao menos 325 postos o número de militares, da ativa e da reserva, que participam da administração federal.
Além dele e do vice, há ao menos 2.500 militares em cargos de chefia ou assessoramento, em uma curva ascendente iniciada sob Michel Temer (2016-2018) -que rompeu com a simbólica prática de governos anteriores de nomearem civis para comandar o Ministério da Defesa.
Nos bastidores da saída de Santa Rosa, auxiliares de Bolsonaro comentam a possibilidade de que o episódio seja visto como novo enfraquecimento dos militares na atual gestão.
Ao longo do primeiro ano de governo, representantes das Forças Armadas protagonizaram discussões públicas com Bolsonaro e com o guru da direita, o escritor Olavo de Carvalho, que já dedicou uma série de vídeos e publicações em suas contas nas redes sociais para defender que Bolsonaro se afastasse de nomes como o vice Mourão e o ex-ministro Santos Cruz.
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