BRASÍLIA, DF, E JUIZ DE FORA, MG (FOLHAPRESS0 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou sua campanha eleitoral, nesta terça-feira (16), com um encontro com lideranças religiosas no Aeroclube de Juiz de Fora (MG), uma motociata e, depois, um discurso a apoiadores.
Na sua primeira fala, aos pastores, falou em milagres, disse que o Brasil marchava para o socialismo e prometeu queda na taxa do desemprego.
Na segunda, resgatou a pauta de costumes, falou de comunismo, chamou para os atos de 7 de Setembro e disse dar a vida pelo país. Acabou, contudo, ofuscado pela presença da primeira-dama, Michelle Bolsonaro no carro de som.
"O Brasil estava à beira de um colapso, com problemas éticos, morais e econômicos, e marchava, sim, a passos largos para o socialismo", afirmou o chefe do Executivo, em seu primeiro discurso.
À plateia de religiosos ele falou ainda em três milagres: sobrevivência à facada, em 2018; sua eleição; e a formação de uma equipe de ministros "sem aceitar pressões partidárias".
Pressionado pelas críticas em torno de sua gestão na pandemia de Covid, inclusive com a instauração de uma CPI no Senado, Bolsonaro se aliou ao centrão.
Além de se filiar ao PL de Valdemar Costa Neto, hoje o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é um dos seus principais aliados. A Casa Civil, principal pasta do governo, é chefiada por Ciro Nogueira, dirigente do PP.
Nos dois momentos em que discursou nesta terça-feira, Bolsonaro falou sobre Deus e se mostrou como o candidato que defende os cristãos.
Aos religiosos no aeroclube, voltou a lembrar as igrejas fechadas durante a crise sanitária, quando estados e municípios implementaram políticas de isolamento social para impedir o avanço do coronavírus.
Pouco depois, a uma plateia de apoiadores no centro de Juiz de Fora, disse: "Vamos falar de política hoje, sim, para que amanhã ninguém nos proíba de acreditar em Deus".
Adversários da campanha petista têm explorado a religião, na tentativa de colocar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como um candidato não cristão.
Bolsonaro também afirmou que a economia estaria se recuperando, sob o seu governo. Destacou queda na inflação, no preço dos combustíveis, prometeu redução da taxa de desemprego para 8% (hoje em 9,2%) em setembro, e defendeu o prêmio Nobel da Economia para seu ministro Paulo Guedes.
"Empregos também [estão] aparecendo. No próximo mês, tenho certeza, vamos entrar na casa dos 8%. Ninguém poderia esperar isso, a não ser o PG [Paulo Guedes], que trabalhou arduamente nessa questão. Ele merece o prêmio Nobel de economia", afirmou o presidente.
Bolsonaro não citou diretamente o PT, mas fez referência aos governos anteriores e disse que o país era "roubado pela esquerdalha". Neste momento, quando ele discursava no carro de som, apoiadores gritavam "Lula ladrão".
O mandatário também fez um chamamento para o ato de 7 de Setembro e resgatou a pauta de costumes. "[Somos] Um país onde majoritariamente acredita em Deus. Um país que não quer retrocesso, não quer a volta da ideologia de gênero nas escolas", disse.
A campanha eleitoral começa oficialmente nesta terça, a 45 dias do primeiro turno. Pesquisas de intenção de voto mostram o chefe do Executivo em segundo lugar. De acordo com levantamento do Ipec, divulgado na segunda-feira (15), Lula tem 44%, contra 32% de Bolsonaro.
Ele estava acompanhado de seu candidato a vice e ex-ministro da Defesa, general Braga Netto, do coordenador de campanha, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), além de candidatos locais, como o senador Carlos Viana (PL), que disputa o governo mineiro.
Também acompanhou o primeiro dia de campanha do presidente o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), candidato a senador, pivô da crise com o STF (Supremo Tribunal Federal), e que recebeu indulto do mandatário.
No carro de som, também tiveram a palavra Michelle e Braga Netto.
Em brevíssimo discurso no carro de som, o ex-ministro da Defesa disse que compartilha dos valores do presidente. "Pátria, família, religião, liberdade é o mais importante para nós", afirmou.
Logo depois, encerrou sua fala dizendo que "vice tem que ficar quieto e não atrapalhar".
Como a Folha de S.Paulo mostrou, a campanha do candidato do PL começa com sua equipe otimista com a expectativa de colher impacto eleitoral com a melhora de indicadores econômicos e o pagamento de benefícios sociais recém-aprovados, no valor total de R$ 41,25 bilhões, às vésperas da eleição.
Nesta primeira etapa da campanha, a estratégia será intensificar agendas no Sudeste, para consolidar seu desempenho nos maiores colégios eleitorais do país e tentar reverter a rejeição entre jovens e mulheres. Para tal, a campanha aposta numa maior presença da primeira-dama em eventos eleitorais e viagens.
SEGURANÇA
Desde as primeiras horas, a principal via de Juiz de Fora, a rua Halfeld, foi tomada por um forte esquema de segurança para receber o primeiro evento de campanha de Bolsonaro. Grades foram coladas nas proximidades do cruzamento com a rua Batista de Oliveira, onde em 2018 ele sofreu um atentado e foi o local escolhido para o início de sua campanha deste ano.
Policiais militares em duplas a cada dez metros se posicionaram ao longo das vias, e agentes da Polícia Federal acompanhavam a movimentação a partir de janelas de prédios.
As pessoas só conseguiam se aproximar do carro de som após passarem por revista com detector de metais. Ainda assim, o presidente se posicionou a uma distância considerável do público.
O forte esquema de segurança não incomodou os apoiadores, que tomaram a região com camisas e bandeiras verdes e amarelas. Por várias vezes, eles interromperam os discursos para gritar contra o PT e o ex-presidente Lula.
Entre as muitas bandeiras verdes e amarelas, o advogado David Frederico, 34, se destacou com sua bandeira azul com o slogan "Trump 2024".
Com parentes morando nos EUA, ele disse que chegou a fazer campanha lá para Trump e agora está com Bolsonaro. "As pessoas precisam entender que o mundo não é dos globalistas, mas dos nacionalistas".
Ao término do evento, uma mulher balançou uma bandeira de Lula na sacada de um prédio. O gesto acabou provocando reação dos apoiadores de Bolsonaro que passaram a gritar "Lula ladrão, seu lugar é na prisão".
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