Após passar mais de uma hora assistindo na TV a um discurso de Donald Trump e de transmitir a cena nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro negou bajular o americano.
"O processo [de impeachment contra Trump] demorou muito, e quando atrapalha os EUA nos atrapalha também. Ninguém fique pensando que eu estou aqui bajulando o Donald Trump. Os EUA indo bem, quanto menos tivermos problemas, mais fácil é para nós tratarmos as nossas relações bilaterais", disse Bolsonaro, em uma live veiculada no Facebook. "Alguns criticam: '[Bolsonaro] tá aí bajulando o Trump'. Idiota, quando bajulavam aqui o [Nicolás] Maduro, Hugo Chávez e Fidel Castro você não falava nada. Mas não estou preocupado com isso", acrescentou o presidente, ao final do discurso do americano.
Durante a transmissão do pronunciamento de Trump, Bolsonaro se comparou ao americano em diversas ocasiões e disse que no Brasil tentam abrir um processo de impeachment para destituí-lo do cargo.
Em um dia com agenda esvaziada, Bolsonaro fez uma extensa live nas redes sociais em que permaneceu a maior parte do tempo acompanhando o discurso de Trump. Quando o presidente dos EUA disse que ganhou as eleições de 2016 de forma inesperada, Bolsonaro comentou a fala.
"Alguma semelhança com o Brasil? Acho que total semelhança. Alguns ainda tentam a todo momento me arranjar um processo de impeachment, mas acho que eles não serão tão ousados assim", disse o brasileiro.
Trump foi absolvido na quarta-feira (5) pelo Senado em um processo de impeachment. Protegido pelos senadores do partido Republicano, o americano foi inocentado com 52 votos contrários e 48 a favor em relação ao artigo de abuso de poder e 53 a 47 quanto a obstrução do Congresso.
É a segunda vez que Bolsonaro transmite um vídeo nas redes sociais enquanto assiste a uma declaração do presidente dos EUA, de quem é um admirador declarado. Em 8 de janeiro, ele fez uma live com o mesmo formato e criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesta quinta, o mandatário fez comparações entre a oposição a Trump e a imprensa americana com a situação no Brasil. Ele disse que nos EUA essas instituições "fabricam fake news" e depois "não admitem outra coisa que não seja a condenação do político".
"Aqui é a mesma coisa, esculhambam as pessoas", acrescentou Bolsonaro, citando ter sido no passado acusado de racista e de crime ambiental. "Lá na frente, se Deus quiser, seremos absolvidos. A imprensa não pode agir como se fosse um Poder Judiciário. Eles acusam, julgam e condenam, semelhantemente ao que está acontecendo nos EUA".
Bolsonaro se referiu ainda ao senador americano Mitt Romney, único republicano a romper as fileiras do seu partido e a votar pela condenação de Trump em um dos artigos. Para o presidente brasileiro, Romney foi "traíra".
Em outra comparação, Bolsonaro disse que também no Brasil há "traíras", referindo-se aos parlamentares do PSL que romperam com ele. "Se tivesse um processo de impeachment, esses traíras votariam contra [mim]", declarou Bolsonaro.
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