O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender na noite desta quinta-feira (6) o uso de hidroxicloroquina para pacientes de Covid, chamou os que se opõem à prescrição do medicamento de "canalhas" e afirmou que a CPI da Covid do Senado é uma "xaropada".
As declarações ocorreram em sua live semanal, transmitida pelas redes sociais. "Eu nunca vi ninguém morrer por ter usado hidroxicloroquina, que é largamente usada na região amazônica para combater malária e lúpus", declarou Bolsonaro.
"Canalha é aquele que critica cloroquina e ivermectina e não apresenta alternativa", acrescentou, em outro trecho da live. A insistência de Bolsonaro na defesa de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid é um dos alvos de investigação da CPI, que apura os esforços despendidos pelo governo.
Sem citar senadores nominalmente, Bolsonaro investiu contra os parlamentares opositores e independentes da CPI. "Não dá para ouvir tudo [da CPI], né? Primeiro que é uma xaropada, raramente tem um senador ali... Raramente não, têm senadores bem intencionados, que fazem um grande trabalho. Agora tem uns quatro ali que pelo amor de Deus. Sabem tudo", ironizou.
Os trabalhos da CPI são comandados pelos senadores Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), todos críticos ao presidente. Ao rebater críticas de que seu discurso anti-isolamento e pró-cloroquina teria contribuído para mortes no país, Bolsonaro fez um ataque a Renan, que é relator da CPI. O presidente da República simulou o que responderia caso fosse questionado pelo parlamentar na comissão.
"Prezado senador, frase não mata ninguém. O que mata é desvio de recurso público que o seu estado desviou. Então vamos investigar o teu filho que a gente resolve o teu problema. Desvio mata, frase não mata", afirmou.
As declarações do mandatário provocaram reação de Renan. "O que mata é a pandemia pela inação, inépcia, que eu torço que não seja dele [Bolsonaro]. Não queremos fulanizar isso aqui. Com relação a Alagoas, que [ele] não gaste seu tempo ociosamente como tem feito enquanto os brasileiros continuam morrendo. Aqui nesta CPI, se houver necessidade, todos serão investigados", respondeu o senador.
A CPI ouviu até o momento dois ex-ministros da Saúde – Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich – e o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga.
Mandetta apontou à CPI que Bolsonaro contrariou orientações do Ministério da Saúde baseadas na ciência para o combate à pandemia, enquanto que Teich afirmou ter deixado a Esplanada por falta de autonomia.
Queiroga, por sua vez, evitou responder perguntas sobre a atuação de Bolsonaro na crise sanitária, o que irritou senadores.Também estava prevista nesta semana a oitiva do ex-ministro Eduardo Pazuello, principal alvo da CPI em seu estágio inicial. Mas o depoimento foi adiado após Pazuello afirmar que teve contato com auxiliares contaminados pela Covid.
Na live, Bolsonaro elogiou brevemente Pazuello e afirmou que a autorização para produção de insumos de vacinas no Brasil é resultado do trabalho do general.
Repetindo uma insinuação feita recentemente, Bolsonaro leu uma notícia sobre o aumento do lucro do laboratório AstraZeneca, que produz a vacina de Oxford, e sugeriu que as farmacêuticas priorizam a venda de imunizantes porque eles trariam mais benefícios financeiros do que remédios contra a Covid.
Apesar da fala de Bolsonaro, especialistas têm destacado que a superação da pandemia só ocorrerá com a ampla vacinação no mundo.
Bolsonaro também criticou o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luis Roberto Barroso.
Em entrevista recente à Globo News, Barroso disse que a adoção do voto impresso no Brasil -uma das bandeiras do bolsonarismo- levará à judicialização do pleito e gerará o caos.
"Eu acho que ele é o dono do mundo, o Barroso, só pode ser. O homem da verdade absoluta, não pode ser contestado. Eu tô preocupado que se Jesus Cristo baixar na terra ele vai ser boy do ministro Barroso", afirmou.
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