O presidente Jair Bolsonaro engrossou nesta terça-feira (28), o coro de uma campanha nas redes sociais contra a secretária especial da Cultura, Regina Duarte. Em conversa com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada, Bolsonaro reclamou da ausência da atriz em Brasília, para logo depois dizer que é "apaixonado pela namoradinha do Brasil".
"Infelizmente a Regina está em São Paulo, trabalhando pela internet ali. Eu quero é que ela esteja mais próxima. Ela é uma excelente pessoa, um bom quadro. (A pasta da Cultura) É também uma Secretaria que era Ministério, (tem) muita gente de esquerda pregando ideologia de gênero, essas coisas todas que a sociedade, a massa da população não admite. E ela tem dificuldade nesse sentido", afirmou o presidente.
As declarações deram a senha para grupos bolsonaristas voltarem a atacar a atriz. Ao ser questionado sobre a possível saída de Regina do governo, Bolsonaro reagiu com irritação: "Quem falou que ela sai? Você acredita na imprensa? Eu não acredito. Eu queria que ela estivesse em Brasília para conversar mais com ela. Só isso. Mais nada. Eu sou também apaixonado pela namoradinha do Brasil", insistiu.
Nesta terça, o jornal O Estado de S.Paulo mostrou que, apesar do bombardeio sofrido nas redes, Regina pretende continuar no cargo. "Eu vou fazer o que puder pela Cultura. Acredito no presidente Jair Bolsonaro", afirmou a secretária a interlocutores. Em relação às críticas, ela respondeu com ironia: "Sou zen. Não me abalo com ataques".
Nos últimos dias, Regina tem mantido uma rotina de videoconferências com segmentos da área cultural a partir de sua casa, em São Paulo. Os encontros buscam soluções para os problemas do setor neste momento de pandemia do novo coronavírus.
Recentemente, por causa de posts publicados em seu Instagram, surgiram rumores de que ela estaria cansada e querendo "abandonar o barco". Um dos posts trazia uma mensagem interpretada como despedida pela ala ideológica do bolsonarismo: "Quando me desapego do que tenho, recebo o que necessito. É tudo que preciso aprender? desapego. Tá em tempo ainda". Em outra publicação, Regina escreveu: "Seja o que Deus quiser". Amigos da atriz disseram que as publicações continham apenas mensagens de autoajuda e poemas, nada além disso.
Na semana passada, Regina voltou a ser alvo das mídias digitais, seja pela direita, que a chama de comunista, seja pela esquerda, que a chama de fascista. Interlocutores identificaram que ataques vieram da reverenda Jane Silva, afastada pela secretária da pasta, do diretor da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, e de um grupo de artistas de esquerda, que está mobilizando a classe, por meio de WhatsApp, pedindo que seja gravado um vídeocom a pergunta "Cadê você, Regina Duarte?".
Na Secretaria, o entendimento é o de que, além de enfraquecê-la, este último grupo, em especial, quer a liberação do Fundo Nacional de Cultura. O fundo, no entanto, está sob o guarda-chuva do Ministério do Turismo.
Desde que chegou à Secretaria, em março, Regina tenta administrar uma pasta que tem braços em dois ministérios. Parte da Cultura tem suas tramitações por meio do Turismo e outra, pela Cidadania. Por isso mesmo, a atriz está negociando com os dois ministros, Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) e Onyx Lorenzoni (Cidadania), a assinatura de um decreto de reestruturação da Cultura para concentrar os fundos ligados à sua área em uma só pasta.
Enquanto isso, ela vai montando a Secretaria. A nomeação mais recente foi publicada no Diário Oficial desta terça e assinada por Braga Netto, ministro da Casa Civil: trata-se do chefe de gabinete de Regina, o advogado Pedro Jose Vilar Godoy Horta, como secretário especial adjunto da Secretaria da Cultura.
Regina também nomeou há poucos dias Heber Trigueiro como secretário do Audiovisual e Andrea Abrão Paes Leme como diretora do Departamento do Sistema Nacional de Cultura, entre outros assessores.
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