O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou as declarações sobre o AI-5 feitas por seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e disse que chegaram a "pedir a cabeça" do chefe da equipe econômica em razão do episódio.
No final de outubro, Eduardo Bolsonaro, que é líder do PSL na Câmara, disse que se a esquerda radicalizasse no país -a exemplo do que ocorria nos protestos no Chile- era preciso ter uma resposta que pode ser via um novo AI-5. Guedes, por sua vez, disse em 25 de novembro que não é possível se assustar com a ideia de alguém pedir o AI-5 diante de um cenário de radicalização de protestos de rua no Brasil.
"Sejam responsáveis, pratiquem a democracia. Ou democracia é só quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente? Levando o povo para a rua para quebrar tudo. Isso é estúpido, é burro, não está à altura da nossa tradição democrática", declarou Guedes à época.
Editado em 1968, o Ato Institucional nº 5 deu ao regime militar uma série de poderes para reprimir opositores e inaugurou o período mais duro da ditadura.
As falas de Guedes e de Eduardo foram criticadas por parlamentares e juristas e ampliaram o clima de desconfiança no Legislativo e no Judiciário.
"Eu entendo isso como liberdade de expressão, nada mais além disso. O fato de citar o AI-5, coisa que existia na Constituição passada, eu não vejo nada demais. Foi num contexto de descambar o Brasil aqui não para movimentos sociais e reivindicatórios, mas para algo parecido com terrorismo, como vem acontecendo no Chile", declarou Bolsonaro, durante uma entrevista ao Jornal da Record veiculada na noite desta segunda-feira (2).
Na mesma entrevista, Bolsonaro afirmou que tanto seu filho quanto seu auxiliar poderiam ter usado "outra expressão", mas afirmou não ver razão para "tanta pressão em cima dos dois".
"Agora pediram até a cabeça do Paulo Guedes pra mim, quando ele falou num contexto de o Brasil descambar para movimentos que passavam ao largo de serem movimentos sociais reivindicatórias, que é legítima por parte da população", disse Bolsonaro na entrevista.
O presidente não especificou quem lhe pediu a demissão de Guedes após a fala do ministro sobre o AI-5.
"Está indo muito bem o governo, em especial a área econômica. Então os que pedem a cabeça do Paulo Guedes ou pediram, é exatamente com o objetivo de nos desestruturar na questão econômica. O Paulo Guedes está firme, sem problema nenhum, fazendo um brilhante trabalho. A reforma mais importante que tínhamos pela frente era a previdenciária e [ele] conduziu com êxito exemplar. Temos agora a lei da liberdade econômica, muitas coisas estão vindo aí. O Brasil está mudando com o comando do Paulo Guedes, obviamente na questão econômica", acrescentou o mandatário.
Bolsonaro também negou que seu governo defenda qualquer medida para cassar direitos coletivos ou individuais. "De jeito nenhum. Até porque se alguém quiser cassar direito tem que passar pelo Parlamento, e ninguém pensa nisso daí. Isso não existe".
Por último, o presidente disse que seu governo conseguiu reverter a alta do desemprego no país. "Espero que ano que vem se consiga recuperar mais um ou dois milhões de empregos. Espero terminar meu mandato com bem menos de 10 milhões de desempregados", concluiu.
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