SÃO PAULO - O mea culpa de Jair Bolsonaro (PL) sobre seu comportamento na pandemia e a promessa de que aceitará pacificamente uma eventual derrota eleitoral, expressos em uma entrevista a podcasts na segunda-feira (12), tiveram como alvo o eleitor antilulista moderado.
Segundo estrategistas da campanha, a mensagem é direcionada a pessoas que compartilham valores conservadores com o presidente, mas rejeitam seu estilo. Criticam os governos do PT e defendem temas como família e propriedade, mas não gostam da personalidade agressiva e desrespeitosa de Bolsonaro.
Um exemplo que a campanha captou é o dos jovens evangélicos, que não têm mesma a fidelidade ao presidente de seus pais e avós. Ao mesmo tempo em que são ideologicamente próximos de Bolsonaro, torcem o nariz para seus excessos.
O objetivo, portanto, é o de atrair para o lado bolsonarista esse eleitor mais volátil, por meio de autocríticas calculadas por parte do presidente. Novos exemplos devem ocorrer nos próximos dias.
Mas arrependimentos de caráter mais amplo, no caso da pandemia, por exemplo, não são cogitados, para não alienar o "apoiador raiz", que segue sendo a maior força eleitoral do presidente.
Na entrevista a um podcast voltado para o público cristão, o chefe do Executivo havia dito que entregaria a faixa em caso de derrota nas eleições e sinalizou que pode deixar a vida política depois de 31 de dezembro de 2022.
"Se essa for a vontade de Deus, eu continuo na Presidência. Se não for, a gente passa, aí, a faixa e vou me recolher, porque com a minha idade eu não tenho mais nada a fazer aqui na Terra se acabar essa minha passagem pela política em 31 de dezembro no corrente ano", declarou Bolsonaro, no podcast.
Bolsonaro também disse no podcast que se arrepende de certas falas dadas ao longo da pandemia da covid-19. "Eu dei uma aloprada. Os caras [imprensa] batiam na tecla o tempo todo e queriam me tirar do sério", justificou.
Depois, demonstrou arrependimento de dizer que não era "coveiro" no início da pandemia. "Retiraria porque não tinha vacina", falou ao ser questionado sobre a fala do coveiro. "Sou chefe da nação. Eu sei disso. Eu lamento. Não falaria de novo, não falaria de novo. Você pode ver que de um ano para cá meu comportamento mudou. A minha cadeira é um aprendizado", completou.
Em abril de 2020, Bolsonaro foi questionado sobre as 300 mortes no dia em decorrência da doença e interrompeu o jornalista: "Ô, ô, ô, cara. Quem fala de... Eu não sou coveiro, tá?"
Desde a chegada da covid-19 no Brasil, o presidente foi autor de diversas frases que menosprezavam a pandemia. Além da fala sobre não ser coveiro, Bolsonaro minimizou a doença e comparou a covid a uma "gripezinha", falou em "histeria" e chegou a dizer que o Brasil era um "país de maricas".
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