O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro sugeriu que o presidente Jair Bolsonaro não vetou itens do pacote anticrime que limitaram acordos de delação premiada e a decretação de prisão preventiva para proteger seu filho mais velho Flávio.
Em entrevista à revista Crusoé, o ex-juiz disse que achou estranho o fato de o presidente não ter barrado as restrições, uma vez que, em sua avaliação, batem com o discurso contra a corrupção e impunidade.
Logo em seguida, Moro indicou que as decisões do presidente quanto ao projeto se deram em dezembro, mesmo mês em que a Polícia Federal fez buscas em endereços ligados ao filho do senador na investigação sobre rachadinhas em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio.
O ex-ministro da Justiça apontou que sugeriu vetos a tais dispositivos, mas os mesmos não foram acolhidos para o presidente. Segundo ele, a postura foi incoerente. Moro caracterizou da mesma maneira as recentes alianças do presidente personagens que não se destacam exatamente pela imagem de probidade.
Acho isso um tanto peculiar porque o discurso para os eleitores é um, e a prática é outra bastante diferente, afirmou Moro à Crusoé. Bolsonaro tem se aproximado de nomes ligados ao Centrão, inclusive distribuindo cargos no governo. Um desses novos aliados, por exemplo, é o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, que foi preso no Mensalão e alvo da Polícia Federal no âmbito do inquérito das fake news.
O ex-ministro compartilhou a entrevista em seu perfil no Twitter e afirmou que espera que as declarações sobre sua saída do governo Bolsonaro motivem o presidente a se empenhar de fato na construção de uma agenda anticorrupção junto ao Congresso e a preservar a autonomia das agências policiais.
Ao anunciar sua demissão no fim do mês passado, Moro acusou o presidente de tentativa de interferência política na Polícia Federal. As declarações motivaram a abertura de um inquérito junto ao Supremo Tribunal Federal.
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