O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rebateu as críticas contra a militarização do Ministério da Saúde e afirmou que o general Eduardo Pazuello deve seguir à frente da pasta.
"O Pazuello está muito bem lá", declarou Bolsonaro ao citar o interino em sua live semanal nas redes sociais.
O presidente argumentou ainda que prefeitos e governadores que têm solicitado auxílio ao Ministério da Saúde estão sendo atendidos.
"Acho que está precisando muito mais de um gestor do que um médico na Saúde", acrescentou Bolsonaro, referindo-se às queixas de que o militar não tem formação médica.
Segundo a CNN Brasil, o ministro interino apresentou a Bolsonaro três janelas para que ele possa deixar o comando da pasta. O general Pazuello disse a Bolsonaro ter planejamentos de curto, médio e longo prazo. Nesse cenário, Pazuello considera que os finais de julho e setembro e o mês de dezembro seriam as datas mais adequadas para sua eventual despedida do governo.
A projeção apresentada por Pazuello a Bolsonaro, segundo aliados, leva em consideração a evolução da pandemia do novo coronavírus no país. Na avaliação do ministro interino, os três períodos vão marcar momentos de arrefecimento da curva da doença no país. A projeção do general é a de que, nessas datas, os casos apresentarão declínio considerável.
A atuação de Pazuello ministro interino desde o pedido de demissão de Nelson Teich, em maio e a ocupação de postos-chave da pasta por militares estiveram no centro de uma crise nos últimos dias.
No final de semana passado, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a militarização do ministério e disse que o Exército estava se associando a um genocídio.
Pazuello comanda a principal pasta responsável por reagir à crise do coronavírus, que no Brasil já soma mais de 2 milhões de infectados e 76 mil mortos.
Na quarta-feira (15), o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou ao UOL que Bolsonaro deveria escolher em agosto um novo nome para o ministério.
"Pazuello assumiu interinamente e está há dois meses na função. Acredito que em mais um mês, em agosto, Bolsonaro vai retornar da quarentena e analisar outros nomes", disse.
A fala de Gilmar associando o Exército a um genocídio desencadeou dois movimentos.
Porta-voz da cúpula militar, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, publicou uma dura nota e informou que havia representado contra Gilmar na PGR (Procuradoria-Geral da República).
Em outro flanco, integrantes do Exército incomodados com a responsabilização das Forças Armadas renovaram as pressões para que Pazuello seja substituído ou peça remoção para a reserva como fez o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo.
A aliados, no entanto, o ministro interino sinalizou que não pretende antecipar sua ida para a reserva.
Na live desta quinta, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que conversou com Gilmar, como revelou a coluna Mônica Bergamo, após a eclosão da crise e que instruiu Pazuello a informar o magistrado sobre ações da pasta.
Em um sinal de que não pretende antagonizar com Gilmar, Bolsonaro afirmou que "crítica construtiva é bem-vinda" e que, com a nota do Ministério da Defesa, considera o assunto encerrado.
O presidente usou a transmissão para render elogios a Pazuello, a quem chamou de "excepcional", e negar que exista um excesso de militares na pasta ou mesmo na Esplanada. Bolsonaro está em isolamento no Palácio da Alvorada, após ter sido diagnosticado com o coronavírus.
"[Vamos] falar em Pazuello. Alguns querem a saída dele porque [tem] a militarização. Vocês estão com saudades dos ministros da Dilma, Lula e Fernando Henrique?", questionou o presidente. "Salles fica. Pazuello fica. Sem problema nenhum", afirmou, referindo-se também ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que também tem enfrentado críticas nas últimas semanas.
Bolsonaro disse que Pazuello levou consigo 15 militares para auxiliá-lo na pasta. Apesar da fala do presidente, há ao menos 24 militares, na ativa ou na reserva, nomeados para o ministério.
Bolsonaro enumerou ainda um a um todos os seus ministros que também são militares e lembrou que sua chapa presidencial em 2018 era formada por ele - um capitão reformado - e pelo vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva.
"É proibido militar na política? É proibido militar ser ministro? Não", declarou o presidente.
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