O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recuou e retirou nesta sexta-feira (5) condecorações da Ordem Nacional do Mérito Científico dadas a dois médicos que já foram alvos de apoiadores do governo federal.
Em decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União, Bolsonaro anulou a admissão na classe de "comendador" por conhecimentos sobre ciências da saúde de Marcus Vinícius Guimarães Lacerda, pesquisador da Fiocruz, e de Adele Schwartz Benzaken, diretora da Fiocruz Amazônia.
Lacerda coordenou estudo no Amazonas que, em abril de 2020, não viu benefícios no uso de doses altas de cloroquina em pacientes graves da Covid-19. Ele tornou-se alvo de ameaças de morte e ofensas pessoais em redes sociais por parte de apoiadores do presidente.
Já Benzaken foi demitida em janeiro de 2019, no começo da gestão Bolsonaro, da direção do departamento do Ministério da Saúde que elaborava políticas para prevenção, vigilância e controle de infecções sexualmente transmissíveis. A saída do cargo teria relação com uma cartilha voltada para a saúde do homem trans.
Apesar de terem sido alvos da ira de apoiadores bolsonaristas, os médicos haviam recebido a condecoração por decreto publicado na quinta-feira (4) e assinado pelo presidente. Neste texto, o próprio Bolsonaro recebeu condecoração na classe Grã-Cruz.
O presidente manteve todas as outras condecorações dadas por este decreto a pesquisadores, entidades e membros do governo.
Bolsonaro recebeu a honraria, porém, pois as regras sobre a Ordem Nacional do Mérito Científico estabelecem que serão agraciados com na classe "Grã-Cruz" o presidente da República, o ministro das Relações Exteriores, entre outros nomes.
O presidente apostou na distribuição de medicamentos sem eficácia como resposta do governo à Covid-19. Ele e seus apoiadores já criticaram o estudo conduzido por Lacerda.
Em pleno colapso do sistema de saúde em Manauz, o presidente chegou a dizer que foi preciso intervir na região porque não se fazia o "tratamento precoce" contra a Covid-19.
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