Em uma nova motociata em Florianópolis neste sábado (7), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) insistiu na pregação a favor do voto impresso e, em meio a críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal), exaltou a "legitimidade" dele e do Congresso Nacional.
Nesta sexta (6), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou que vai levar a PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto impresso ao plenário da Casa, mesmo após o texto ter sido derrotado em comissão especial no dia anterior.
O texto deve ser votado na próxima terça (10) no plenário, segundo aliados do presidente da Casa.
"Quem decide as eleições são vocês. Não são meia dúzia [de pessoas] dentro de uma sala secreta que vão contar e decidir quem ganhou as eleições. Não vão ser um ou dois ministros do Supremo Tribunal Federal que vão decidir o destino de uma nação. Quem teve voto, quem tem legitimidade, além do presidente, é o Congresso Nacional"
Sem máscara, o presidente gerou aglomeração durante a motociata ao parar algumas vezes para cumprimentar apoiadores. A maioria também não usava máscaras contra a Covid - alguns vestiam camisetas pedindo voto impresso.
No discurso, o presidente repetiu seu discurso em defesa do que chama de "eleições limpas" e disse que seus adversários "vão quebrar a cara".
Apesar das ameaças golpistas feitas nos últimos dias, citando a possibilidade de atuar fora da Constituição, Bolsonaro disse que "continuamos jogando dentro das quatro linhas da Constituição" e que " o outro lado" é que "não raro sai fora delas para nos atingir".
Florianópolis parou com o trânsito provocado pelo comboio, que obrigou o fechamento de diversas ruas. Bolsonaro chegou de helicóptero por volta das 10h30 na região sul da cidade, junto ao senador Jorginho Mello (PL-SC), membro da CPI da Covid.
Seguiu pela região central e depois norte, onde estacionou novamente para acenar aos motociclistas em frente à loja de departamento Havan. O empresário Luciano Hang, dono da marca, acompanhou o presidente durante todo o trajeto.
Manifestantes de jet skis também participaram do ato, parando embaixo da ponte que liga a ilha à parte continental da cidade. A expectativa é que ele discurse quando chegar à avenida Beira-Mar Continental, seguindo com a dispersão das motos.
A Polícia Militar de Santa Catarina informou que não faz estimativas de público e que a segurança do presidente é de responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional federal, mas que atua em apoio com os demais órgãos para reduzir os impactos na rotina da cidade.
Esta é a sétima motociata promovida por Bolsonaro pelo país, sempre aos finais de semana. Em todas elas o presidente desrespeitou os protocolos sanitários ao gerar aglomerações e cumprimentar apoiadores sem máscara.
As outras edições do evento ocorreram em Brasília (9 de maio), Rio de Janeiro (23 de maio), São Paulo (12 de junho), Chapecó, em Santa Catarina (26 de junho), Porto Alegre (10 de julho) e Presidente Prudente, no interior de SP (31 de julho).
Ao fim dos trajetos de moto, Bolsonaro costuma fazer discursos em cima de carros de som ou no meio da multidão, com ataques às eleições e às urnas eletrônicas, citações às Forças Armadas e críticas a prefeitos e governadores por medidas de restrição.
A passagem do presidente também envolve uma estrutura de segurança nessas cidades. Em São Paulo, por exemplo, o reforço no policiamento custou R$ 1,2 milhão e contou com cinco aeronaves, dez drones e 600 viaturas, segundo o governo de João Doria (PSDB), seu adversário político.
Na quarta (4), Doria afirmou que se o presidente fizer novas motociatas no Estado será cobrado pelos custos de segurança pública. "Não é obrigação do Governo do Estado de São Paulo fazer segurança de motociatas sem que o custo seja suportado por quem as organiza e as promove", declarou.
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