O presidente Jair Bolsonaro participou, na tarde desta quarta-feira, 29, do lançamento de uma campanha do governo federal por igualdade de direitos para as mulheres que trabalham no campo, mas não discursou sobre o assunto. A campanha 'Mulheres Rurais, mulheres com direitos' busca dar visibilidade às mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes que vivem e trabalham em um contexto de desigualdades estruturais e desafios sociais, econômicos e ambientais.
No evento, que ocorreu no Palácio do Planalto, fizeram pronunciamentos as duas únicas ministras mulheres do governo, Damares Alves (Mulher, Família, Direitos Humanos) e Tereza Cristina (Agricultura), e a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
"Está passada a hora de as mulheres terem os seus direitos reconhecidos, e principalmente as mulheres do campo, aquelas que são mais vulneráveis", disse a ministra Tereza Cristina. "Neste mundo ainda tão masculino, precisamos cada vez mais evidenciar e fortalecer o papel das mulheres do campo na transformação da nossa sociedade."
A ministra destacou que as mulheres rurais têm menos acesso à crédito financeiro, tecnologia, mecanização, assistência técnica e ao cooperativismo. "Isso representa um potencial econômico perdido, ministro Paulo Guedes, por isso é tão importante essas linhas de crédito para possibilitar a melhoria de vida dessas mulheres. Empoderar as mulheres rurais, portanto, é promover o crescimento e a produtividade da agricultura", defendeu.
Tereza também falou sobre a questão da política ambiental, criticada no Brasil e no exterior, ao dizer que "a busca da sustentabilidade tem sido o nosso caminho na agropecuária". "Sabemos que a preservação ambiental e a produção de alimentos são complementares, podem e devem andar juntas", declarou.
De acordo com a Agricultura, a campanha lançada nesta quarta é uma iniciativa promovida pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com a colaboração de entidades governamentais, organizações da sociedade civil e empresas privadas de toda a América Latina que buscam "reconhecer a liderança, as capacidades e as necessidades das mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes da região".
Dados da FAO indicam que atualmente 60 milhões de mulheres vivem em zonas rurais da América Latina e do Caribe e parte delas têm papel central na produção e abastecimento de alimentos. No entanto, muitas delas enfrentam sérias limitações para acessar recursos produtivos, como terra, água, insumos agrícolas, financiamento, seguro e treinamento, além de várias barreiras para colocar seus produtos no mercado.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente 19% das propriedades rurais no Brasil são dirigidas por mulheres. Dos 5 milhões desses estabelecimentos, quase 1 milhão conta com mulheres no comando. Os dados são do Censo Agropecuário de 2017.
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