O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, 24, que bota "a cara toda no fogo" pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, que nos últimos tempos está no centro de um escândalo envolvendo liberação de verbas intermediadas por pastores para prefeituras. O caso foi revelado pelo Estadão.
"O Milton, coisa rara de eu falar aqui: eu boto minha cara no fogo pelo Milton", afirmou Bolsonaro, em transmissão ao vivo pelas redes sociais. O presidente ainda repetiu: "Minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia contra ele." Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle, são muito próximos a Ribeiro.
Durante a live, o presidente afirmou que o ministro enviou ofício à Controladoria-Geral da União (CGU), ainda no ano passado, pedindo investigação sobre possíveis irregularidades no MEC. O Estadão mostrou, porém, que, após receber denúncia de cobrança de propina envolvendo pastores, Ribeiro teve pelo menos sete reuniões com os investigados. Na quarta-feira, 23, o ministro admitiu que teve conhecimento de "conversas estranhas" do pastor Arilton Moura, envolvendo recursos do ministério para escolas.
Bolsonaro afirmou que as denúncias de pedidos de propina para liberar verbas do Ministério da Educação foram repassadas pela CGU à Polícia Federal (PF). "A CGU, que tem o ministro Wagner Rosário à frente, recebeu em 27 de agosto do ano passado documentos enviados pelo ministro Milton relativos a duas denúncias sobre possíveis irregularidades no ministério, exatamente o caso que está na mídia", disse o presidente na transmissão ao vivo. "A CGU por seis meses investigou o caso, chegou à conclusão que não tinha participação de servidor público, zero. E resolveu, então, no dia 3 de março, agora, 21 dias atrás, encaminhar essas peças para a PF. E aqui tem a data: anteontem, quase no dia, acho que no dia da divulgação do caso, foi mandado para a PF", completou.
O presidente minimizou o fato de Ribeiro ter se encontrado com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura mesmo ciente da investigação da CGU. "No meu entender, ele recebeu para não atrapalhar investigação", afirmou Bolsonaro. "Milton tomou providências. Se tivesse armando, não teria colocado na agenda oficial", acrescentou. Bolsonaro admitiu, em seguida, que sofre pressão para demitir o ministro da Educação: "Tem gente que fica buzinando, (dizendo) 'manda o Milton embora'".
Como mostrou o Estadão/Broadcast Político, porém, o presidente quer deixar Ribeiro em banho-maria até que as investigações tomem corpo e não pretenda demitir o ministro, pelo menos neste momento.
Bolsonaro ainda cobrou provas dos prefeitos que denunciaram os pastores do gabinete paralelo à imprensa, como no caso de propina em ouro. "Os três prefeitos com toda certeza vão ser chamados pela PGR e intimados pela PF", declarou o presidente. "Esperamos que os prefeitos colaborem com informações que levem a conclusão e responsabilização. Se os prefeitos tiverem algo de concreto, resolveu o assunto".
Na tentativa de se mostrar favorável às investigações, Bolsonaro também mandou um recado à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), que durante a live autorizou a PGR a investigar Milton Ribeiro sobre o gabinete paralelo. "Parabéns, Cármen Lúcia. Estou muito feliz. Milton também está muito feliz com essa autorização que o STF deu para o PGR investigar esse episódio", declarou.
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que acompanhou Bolsonaro na live, disse que Ribeiro é uma das pessoas mais honradas que ela conhece.
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