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Brasil deve conseguir só metade dos ventiladores pulmonares que planejava

Brasil deve conseguir só metade dos ventiladores pulmonares que planejava

Esse equipamento sustenta a respiração dos doentes críticos de Covid-19, com pulmões devastados pela doença

Publicado em 14 de maio de 2020 às 16:57

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O Estado comprou 50 ventiladores pulmonares para combate ao novo coronavírus
Equipamento sustenta a respiração dos doentes críticos de Covid-19. (EBC)

A produção nacional de ventiladores respiratórios deve aumentar a partir deste maio, mas até o final do mês deve ser entregue ao Ministério da Saúde pouco mais da metade dos aparelhos que os cronogramas do governo previam para abril e maio. Esse equipamento sustenta a respiração dos doentes críticos de Covid-19, com pulmões devastados pela doença.

Essa é a melhor e mais otimista das hipóteses.

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Além do mais, ainda menos equipamentos podem chegar ao governo. Estados e cidades têm conseguido liminares que contornam a determinação federal de que toda a produção nacional deva ser vendida ao Ministério da Saúde, que paga a conta e redistribui os ventiladores para os estados, segundo critérios de necessidade mais imediata.

Em abril e maio, o governo federal fechou contratos com as quatro maiores fabricantes instaladas no Brasil, que detêm por ora quase toda a capacidade de produção. Encomendou 15.302 ventiladores, compra no valor total de R$ 730 milhões. Menos da metade desses equipamentos podem ser utilizados em UTIs (os demais são destinados a situações de emergência e transporte de pacientes).

Previa-se a entrega de 2.240 aparelhos em abril. Até esta terça-feira, haviam sido entregues 547 ventiladores de produção nacional para dez estados, segundo o Ministério da Saúde.

Para maio, estava prevista a entrega de 5.640 aparelhos ao ministério, segundo dados de três contratos e a informação de uma das quatro firmas. Na melhor das hipóteses, segundo estimativas das empresas, devem ser entregues 3.750 aparelhos, cerca de dois terços do total previsto para o mês.

Essa estimativa inclui a entrega de todos os 1.150 aparelhos contratados para maio com a KTK. A empresa não se pronunciou até a conclusão desta reportagem.

Parte das empresas diz enfrentar dois problemas principais. O primeiro, o maior, é a dificuldade de importar peças essenciais, projetadas e/ou produzidas na China, na Suíça e nos Estados Unidos. O segundo é adaptar suas fábricas a um aumento súbito de produção.

A Intermed produzia mensalmente, em média, 125 ventiladores do tipo encomendado pelo governo. Em abril, conseguiu produzir os 300 previstos, embora 120 não tenham sido entregues ao ministério, devido a liminares. Em maio, a previsão era de que produzisse 1.500 equipamentos. Dadas as dificuldades de suprimento, espera produzir 1.000, "mas a situação muda diariamente". Seu contrato total é de 4.300 aparelhos.

A Magnamed, que tem a maior encomenda (6.500), produziu cerca de 400 aparelhos em abril --a previsão do governo era receber 1.940 ventiladores da empresa. A companhia pretende chegar a fazer 1.200 deles em maio, terceirizando parte da produção e de suas técnicas para a Flex. Sem problemas de importação, pode fazer 5.000 equipamentos.

Segundo levantamento de um escritório de advocacia que presta serviços à Magnamed, 13 liminares requisitaram a entrega de 1.288 aparelhos, 747 deles apenas para Minas Gerais. Até agora, 255 equipamentos produzidos pela empresa não foram para o governo devido às medidas judiciais.

A Magnamed, a Intermed e a KTK têm até o início de outubro para entregar os equipamentos.A Leistung tem um contrato para produzir 1.200 ventiladores em três meses. Deve entregar cerca de 400 por mês, de acordo com Marcelo Javier Fernández, um dos quatro proprietários da empresa, argentina, que fabrica os equipamentos faz 35 anos, instalada faz 20 no Brasil.

Fernández diz que a empresa tinha estoques de peças e conseguiu se antecipar para importar componentes. A firma trabalha em três turnos, sete dias por semana. Tem capacidade de produção para continuar nesse ritmo a partir de agosto, diz, mas precisa saber o quanto antes se vai continuar na mesma toada, importar mais peças e vender para outros clientes, para que precisa de autorização do governo.

O governo reconhece as dificuldades das empresas e afirma que têm procurado dar apoio logístico e nas negociações comerciais, com ajuda de Itamaraty, Ministério da Defesa e de grandes empresas brasileiras acostumadas a fazer grandes compras de produtos dessa espécie no exterior.

Por meio de nota, o Ministério da Saúde diz que, além de compras nacionais, "também busca novos fornecedores" no mercado internacional.

"O grande desafio continua a ser a compra de peças no exterior", diz Gustavo Ene, secretário do Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Serviços e Inovação da Secretaria Especial de Produtividade, divisões do Ministério da Economia que têm procurado coordenar esforços no sentido de aumentar a produção e a importação.

Ene conta que um esforço que tem funcionado é o conserto de ventiladores: 2.685 aparelhos foram recolhidos e 745 entregues, reparados pelo Senai, com auxílio técnico (de montadoras), financeiro e logístico de algumas empresas.

Mais ventiladores foram consertados do que comprados pelo governo federal. Segundo o secretário, quem precisar de consertos de ventiladores pode escrever para o email [email protected] (o governo diz que arruma transporte e conserto).

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