O FMI (Fundo Monetário Internacional) afirma que o Brasil precisa priorizar a vacinação para acelerar a recuperação econômica e alcançar as expectativas de crescimento para este ano, projetadas em 3,7% em relatório divulgado nesta terça-feira (6) pela instituição.
Em entrevista coletiva, Gita Gopinath, conselheira econômica e diretora de pesquisa do FMI, disse que medidas como o auxílio emergencial impediram uma contração mais grave no Brasil e devem ajudar na retomada, mas ainda há desafios para que o país alcance o patamar de crescimento previsto para 2021.
"Considerando a quantidade de apoio [econômico] que foi dado, a contração que vimos em 2020 não foi tão ruim quanto esperávamos. Espera-se que a economia retome em 2021, mas ainda há desafios, ainda há condições financeiras pelo mundo, riscos de condições financeiras, que podem ser um problema e afetar o Brasil", afirmou.
"A prioridade número um precisa ser a frente da vacinação, dando celeridade ao processo de imunização em comparação ao que temos visto neste momento."
Nesta terça, o FMI divulgou o relatório Panorama Econômico Mundial, que revisou a projeção de crescimento da economia global em 2021 de 5,5% para 6%, e ajustou a estimativa para o Brasil de 3,6% para 3,7%.
No documento, e também no discurso público de suas principais autoridades, o Fundo tem chamado a atenção para a retomada desigual entre países ricos e pobres por causa do acesso à vacina.
Na abertura das reuniões de primavera do FMI, nesta segunda (5), a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, disse que a política de vacinação é a política econômica mais importante do mundo hoje, e apelou a países que têm excedente de doses a doarem vacinas para nações que necessitam.
Gopinath disse nesta terça que o Brasil é um dos países mais atingidos pela pandemia, destacando o alto número de casos e mortes –são mais de 13 milhões de casos e 331 mil vítimas entre os brasileiros –mas afirmou que a recuperação global também deve ajudar a impulsionar um cenário mais positivo no país.
Em outubro do ano passado, o FMI estimava crescimento de 2,8% para o Brasil e 5,2% para a economia mundial. As projeções do Fundo para o Brasil hoje são mais otimistas que a dos economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central (3,17%), e do próprio Banco Central, que estima crescimento de 3,6%.
Ao lado de Gopinath, Petya Koeva Brooks, vice-diretora do departamento de pesquisa do FMI, afirmou que a projeção atual, de 3,7%, é "um aumento muito pequeno" em relação ao que havia sido estimado antes e que o Brasil deve ter um crescimento negativo no primeiro trimestre para, depois, voltar a crescer.
"De um lado, temos o impacto positivo do pacote de estímulo fiscal dos EUA [aprovado pelo Congresso americano no valor de US$ 1,9 trilhão] e, de outro, temos taxas de juros mais altas que o Brasil encara", disse Brooks. "A expectativa é de que, no primeiro trimestre, teremos crescimento negativo, mas, no segundo trimestre, o impacto do novo auxílio emergencial aprovado em forma de transferência renda, vai começar a ajudar [nessa retomada]."
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